O cante alentejano marcou hoje o inicio da cerimónia solene de comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República, com o tema “Grândola, vila morena” a ser entoado das galerias por um grupo coral de Serpa.
O Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa cantou o tema emblemático da revolução dos cravos após a entoação do Hino Nacional na sala de sessões decorada com cravos vermelhos.
A flor que simboliza o 25 de Abril está a ser usada na lapela por vários membros do Governo, a começar pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que, na bancada reservada ao executivo, está sentado em frente ao líder do maior partido da oposição, o secretário-geral do PS António Costa, também de cravo vermelho ao peito.
PCP, BE e Verdes acusam PSD, CDS e PS de quererem manter austeridade
PCP, BE e Verdes acusaram os sucessivos Governos de desvirtuarem as conquistas do 25 de Abril e os “executantes da política de direita” de quererem manter a austeridade, uma crítica estendida pelo BE ao Presidente da República.
Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, criticou os que apresentam a austeridade “como o alfa e o ómega, o princípio e o fim de todas as escolhas”.
“E é pela voz do próprio Presidente da República que chega mais insistentemente esta ladainha. Quando tenta impor o consenso na austeridade inscrito à partida nos programas eleitorais, quer uma democracia tutelada. Na chantagem para uma maioria absoluta, qualquer que seja o veredicto popular, quer uma democracia condiciona”, criticou.
PS pelo primado da política contra “populismos” e economia especulativa
Pelo PS, o deputado Miranda Calha fez uma veemente defesa do “primado da política” perante “extremismos populistas” e a “economia especulativa” e sustentou que a substância democrática da Constituição será “confirmada” nas próximas eleições legislativas e presidenciais.
“Porque o primado da política, num tempo em que extremismos populistas ameaçam a Europa e em que a crise económica leva a desilusões sem retorno, é cada vez mais necessário. O primado da política enquanto primado da escolha e da decisão, mas de uma escolha clarividente e informada, da escolha de uma estratégia e de ideias sólidas para o futuro e não uma escolha por entre taticismos breves e sem conteúdo”, declarou o antigo secretário de Estado de governos liderados por Mário Soares e António Guterres e vice-presidente da Assembleia da República.
Assunção Esteves diz que comemorar Revolução é celebrar “a política como liberdade”
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, sublinhou hoje que o 25 de Abril é a “celebração da política como liberdade”, e classificou a crise dos últimos anos “como a ponta do ‘iceberg’ de um mundo em mudança”.
“Abril é por isso mesmo a celebração da política como liberdade que se exerce, como esperança, como força emancipadora. Que nos diz que somos senhores do nosso destino e autores do mundo”, afirmou Assunção Esteves, na sua intervenção na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.
Para a presidente da Assembleia da República (PAR), essa responsabilidade é agora maior à luz dos acontecimentos contemporâneos, que tornam necessários “a instituição de uma sociedade universal”.
PSD pede consensos e refundação da subordinação do poder económico ao político
O deputado social-democrata Fernando Negrão defendeu hoje que o país precisa de “novos consensos” de médio e longo prazo e apontou que o bem-comum exige a refundação da “subordinação do poder económico ao poder político” consagrada na Constituição.
“O bem comum exige que, claramente, refundemos e reafirmemos a subordinação do poder económico ao poder político consagrada na nossa Lei Fundamental”, afirmou Fernando Negrão, que interveio em nome do PSD na sessão solene do 25 de Abril.
Na sessão de comemoração dos 41 anos do 25 de Abril, no parlamento, Negrão defendeu a necessidade de se procurar “a transparência onde ainda imperam zonas de sombra que diminuem o alcance da lei e da justiça”, e considerou que o fim do programa de assistência marca um antes e um depois.
CDS quer saber onde estava quem reclama valores de Abril quando país foi à bancarrota
O deputado do CDS-PP Michael Seufert defendeu hoje que é legítimo perguntar àqueles que nos últimos quatro anos se insurgiram contra alegadas traições à revolução dos cravos, não onde estavam no dia 25 de Abril, mas onde estavam “quando Portugal foi conduzido à bancarrota”.
“Se nos últimos quatro anos ouvimos de forma quase-habitual vozes que vinham reclamar a ‘pureza de Abril’, os ‘valores de Abril’ ou chegaram até a apontar um dedo aos que, diziam eles, ‘traíam’ Abril, então é legítimo perguntar-lhes não ‘aonde é que tu estavas no 25 de Abril?’ mas ‘onde é que tu estavas quando Portugal foi conduzido à bancarrota?'”, defendeu.
Numa intervenção de cerca de 12 minutos, o deputado do CDS-PP disse pertencer a uma geração a quem a dívida limitou a liberdade.
PR defende reflexão sobre desafios do futuro que não se esgotam numa legislatura
O Presidente da República pediu hoje uma “reflexão séria e serena” sobre os desafios que Portugal terá de enfrentar no futuro e que não se esgotam no horizonte de uma legislatura, pedindo medidas concretas, nomeadamente para os jovens.
“Ao comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República, num ano em que termina a presente legislatura e em que outra se iniciará, devemos pensar o futuro de Portugal, fazendo uma reflexão séria e serena sobre os grandes desafios que o país terá de enfrentar”, defendeu Cavaco Silva, naquele que foi o seu último discurso enquanto chefe de Estado da sessão solene das comemorações da Revolução dos Cravos.
Contudo, acrescentou, apesar da “nova fase da vida nacional” que se vive, já com a economia a dar sinais de crescimento e criação de emprego e as contas públicas equilibradas, Portugal continua a enfrentar desafios de médio e longo prazo que não se esgotam no horizonte temporal de uma legislatura, sendo essencial “medidas concretas a pensar no futuro” para construir um país mais justo e desenvolvido.