Não é coisa que se veja muito no arquipélago: está marcado um protesto público contra uma decisão de Alberto João Jardim. No domingo, 20 – dia em que se marca o primeiro aniversário da tragédia que matou 50 pessoas na Madeira -, espera-se que mil pessoas formem um cordão humano junto ao aterro que serviu de depósito de emergência para o entulho das enxurradas (e que se supunha provisório). O objetivo é lutar contra a intenção do Governo Regional de aproveitar o entulho para construir um cais e uma zona de lazer, em vez de limpar a zona e devolver à ilha a praia de areia preta que lá estava.
O geógrafo Raimundo Quintal, um dos proponentes da iniciativa, classifica a opção de Jardim de “pouca-vergonha”. “Este é um megaprojeto que vai ser pago com dinheiro da Lei de Meios [verba que o governo português deu à Madeira para ajudar as vítimas da catástrofe e reconstruir as zonas afetadas]”, explica à VISÃO. “Além disso, continuam a explorar pedreiras e a ir buscar areia ao mar quando se podia ir buscar ao aterro.”
O investigador avisa também que o projeto vai dificultar ainda mais o desaguar das ribeiras – que, recorde-se, estiveram na origem de muitas mortes e grande parte da destruição, ao transbordarem com a quantidade de água, lama e entulho que desceu das montanhas. “Isto significa que vão aumentar os problemas, ao juntar a foz de duas ribeiras. Não há maneira de aprenderem com os erros”, lamenta Raimundo Quintal. Este protesto, avança, será também um primeiro passo “para começar a desenvolver movimentos cívicos para reivindicar o direito de cidadania na Madeira”.
Associado à manifestação, decorre um abaixo-assinado contra o projeto, que leva já (17h de dia 18 de Fevereiro) mais de 1 700 assinaturas: http://www.peticaopublica.com/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2011N6291.