Em resposta aos avisos do parceiro governamental Podemos, segundo os quais a escalada da guerra poderia levar ao envio de tropas espanholas para a Ucrânia, Robles foi contundente.
“Trata-se de um cenário absolutamente impossível; não existe. Os soldados espanhóis só interviriam se houvesse agressão contra um país da NATO”, afirmou em entrevista ao jornal La Vanguardia, citada pela agência espanhola EFE.
“Nunca, nunca nenhuma tropa de um país da NATO, e a Espanha é um deles, vai participar na guerra na Ucrânia. Nunca, nunca. Quero dizê-lo muito claramente, muito claramente”, insistiu.
Robles invocou o artigo 5.º do tratado da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte, com 30 membros, incluindo Portugal) para frisar que “um país membro só intervém se outro país membro for atacado e pedir ajuda”.
“Antes de falar, é preciso conhecer o tratado da NATO”, disse.
Quanto aos tanques Leopard que a Espanha tem sem funcionar, Robles disse que “durante os anos do governo do Partido Popular, muito pouco foi investido na defesa” e referiu que os tanques em causa estão a ser reparados.
Disse esperar que essa reparação termine em breve para que possam ser integrados num batalhão com tanques doados por outros países.
Enquanto isso, decorre a formação dos militares ucranianos que vão operar os tanques, bem como dos responsáveis pela manutenção do equipamento de fabrico alemão.
“Gostaria de salientar que os Leopard têm apenas um objetivo: defesa, nunca agressão contra a Rússia”, afirmou.
A ministra espanhola lamentou que se espere “uma primavera muito sangrenta” na Ucrânia, com a possibilidade de novas ofensivas dos dois lados, e enunciou que não se trata apenas de uma guerra entre exércitos, mas sim contra os civis ucranianos.
“Eles estão a ser massacrados”, afirmou.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares do conflito, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.
Até ao final da semana passada, a ONU tinha confirmado a morte de 8.006 civis e a existência de 13.287 feridos.
Robles mostrou-se cética quando a possíveis negociações de paz, por considerar que o líder russo, Vladimir Putin, “deixou muito claro, sem qualquer dúvida, que quer continuar esta guerra”.
Disse ainda não dispor de dados que permitam antever se o conflito resultará numa guerra nuclear, mas disse acreditar que não se chegará a um ponto “terrivelmente dramático para a Humanidade”.
Putin ordenou a invasão em 24 de fevereiro de 2022, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
A “operação militar especial”, como lhe chama Moscovo, desencadeou uma guerra de larga escala que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia assinalaram o primeiro aniversário da guerra, na sexta-feira, com o anúncio de mais apoio militar a Kiev e de novas sanções contra Moscovo.
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