Há um preço a pagar e não há almoços grátis. As sanções terão efeitos adversos e têm um custo.” A afirmação é do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e foi feita na reunião informal dos ministros europeus da Defesa realizada esta semana por videoconferência. O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros defendeu que, apesar dos custos, esse esforço tinha de ser feito não só para apoiar a Ucrânia, mas também para garantir a segurança na UE e a estabilidade no mundo. As sanções a Moscovo anunciadas pelo Ocidente são um golpe poderoso e com um grande efeito destrutivo na economia russa. Mas, quando se isola o país com o 11º maior PIB do mundo e um dos principais produtores globais de matérias-primas, haverá também alguns danos colaterais económicos que o Ocidente terá de suportar.
A consequência mais imediata passa pelo agravamento de um problema que as economias europeia e portuguesa já começaram a sentir nos últimos meses: a subida acentuada dos preços, principalmente de bens energéticos e alimentares. “Isto pode fazer com que as expectativas de inflação na Zona Euro fiquem fora de controlo, o que é o maior receio dos bancos centrais”, considera Ismael García Puente, gestor de fundos da Mapfre AM, numa nota enviada à VISÃO. Em Portugal, os dados do INE divulgados esta semana, mostraram que a taxa de inflação atingiu 4,2% em fevereiro, o valor mais alto em mais de uma década. E é bastante provável que a guerra na Ucrânia e a batalha económica das sanções levem a mais aumentos dos preços, a um ritmo bem superior ao do crescimento dos rendimentos, diminuindo ainda mais o poder de compra dos consumidores.