Esta segunda-feira, a Lua vai colocar-se entre a Terra e o Sol e criar um espetáculo que poderá ser visto parcialmente a partir dos Açores às 19h07 horas, no fuso horário de Lisboa. Apenas México, Canadá e Estados Unidos poderão ver o fenómeno na sua totalidade, ainda que na internet haja páginas que o prometem transmitir para todo o mundo. Muitos curiosos anseiam por ver o eclipse solar, mas há também quem deseje/só o possa ouvir.
Astrónomos da Universidade de Harvard, dos EUA, criaram um aparelho que converte a luz em sons e com ele querem criar uma sinfonia e mostrar a que soa um eclipse. Os sons mudam consoante a intensidade da luz e, como explica a astrónoma Allyson Bieryla, adaptam-se à luminosidade. “A luz brilhante do Sol é o som de uma flauta. Quando fica média passa a ser um clarinete e depois, quando desce para o eclipse total, torna-se no som de um clique baixo, que fica muito lento durante a ofuscação total do Sol pela Lua”.
O aparelho, que é um pouco maior do que um smartphone, recebeu o nome LightSound e pretende fazer com que pessoas com cegueira ou visão reduzida possam participar em eventos de visualização do eclipse.
“A imagem de um eclipse é de cortar a respiração, mas isso não significa que apenas possa ser interpretada ou experimentada de forma visual. Uma pessoa sem visão pode vivenciar tudo isso de uma forma diferente”, explica Bieryla.
Bieryla conta que a ideia deste projeto surgiu em 2017, durante o último eclipse total visível dos EUA e que começou por ser desenvolvido em conjunto com a astrónoma Wanda Díaz-Merced, que é invisual. O aparelho LightSound tem um sensor que capta a intensidade da luz e que depois define a que instrumento esse valor corresponde através de uma placa sintetizadora MIDI. Dessa forma, os tons mudam à medida que a Lua se coloca em frente ao Sol e permitem que uma pessoa invisual participe na percepção do fenómeno.
Os cientistas envolvidos neste projeto construíram 900 aparelhos que foram distribuídos em eventos de visualização do eclipse desta segunda-feira, nos EUA, Canadá e México. O objetivo é tornar este fenómeno natural mais inclusivo.