No Relatório sobre Ameaças Ecológicas-2023, do Instituto para a Economia e a Paz (IEP), divulgado hoje, analisa-se a relação entre os efeitos das alterações climáticas e o crescimento descontrolado da população, a insegurança alimentar e a sua relação com a eclosão de conflitos.
“A crise climática e a violência estão fortemente ligadas”, afirmou Serge Stroobants, diretor do IEP para a Europa e Médio Oriente, responsável pelo relatório, alertando para o facto de a atual escalada da guerra global “criar uma maior insegurança global”.
Dos 221 países analisados no estudo, 66 enfrentam pelo menos uma ameaça ecológica grave, distribuída de forma desigual pelo mundo, a maioria dos quais na África subsaariana.
Os quatro países com maior risco de crise climática são a Etiópia, o Níger, a Somália e o Sudão do Sul.
“As alterações climáticas estão a gerar conflitos em locais como o Corno de África”, afirmou Nazanine Moshiri, analista de Clima e Conflitos do Grupo de Crise Internacional, que disse que “a competição pelos recursos naturais causa disputas” e “leva os jovens a deixarem os seus empregos e a juntarem-se às milícias”.
A incapacidade de muitos países para fazer face às catástrofes naturais levou a um aumento da necessidade de financiamento para a assistência a catástrofes, com o Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF, na sigla em inglês) a afetar 35% do seu orçamento à assistência a catástrofes em 2022, contra 17% há uma década.
O relatório também alerta para o aumento da pressão populacional, com o rápido crescimento da população a comprometer o acesso a recursos básicos e a resistência a catástrofes naturais, especialmente em áreas que já estão em risco e têm baixos níveis de paz.
“Prevê-se que mais de 40% da área terrestre mundial registe um crescimento populacional superior a 20% até 2050, metade do qual em países com níveis de paz muito baixos”, alerta-se no relatório.
“Sem uma ação internacional concertada, os atuais níveis de degradação ecológica irão agravar-se substancialmente, intensificando problemas sociais como a subnutrição e a migração forçada”, afirmou Stroobants.
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