A família de David Ferguson está a acusar o Brigham and Women’s Hospital, em Boston, EUA, de não aceitar o paciente para um transplante de coração porque ele não está vacinado contra a Covid-19. Ferguson tem 31 anos, está no hospital desde o dia 26 de novembro do ano passado e precisa de um transplante de coração para sobreviver.
“Começou no hospital de Milford, quando os seus pulmões estavam completamente cheios de sangue e líquido, causados por um problema cardíaco hereditário”, começa por escrever uma amiga de Fergunson na página GoFundMe.
“Este problema afetou o seu corpo e o coração está atualmente a funcionar numa percentagem extremamente baixa. A combinação da função cardíaca baixa e medicação para o coração causou três coágulos sanguíneos que exigiram cirurgia imediata na UMASS [University of Massachusetts Amherst]”, lê-se.
Entretanto, conta a amiga Amanada Brodeur, foi pedido para que o paciente fosse transferido para o Brigham and Women’s Hospital para receber o transplante de coração. O pedido foi aceite, mas a “má notícia é que o conselho que dirige os transplantes não o colocará na lista devido ao seu status de vacinação”.
Brodeur explica que “a vacina normalmente causa inchaço no coração. Mas no caso do David, ele não pode permitir que seu coração inche mais do que já está agora. Ele corre um risco extremamente alto de morte súbita se isso acontecer”. A amiga garante que conversou com vários médicos que confirmaram que o coração do paciente “pode inchar e entrar numa crise grave, mas eles não podem garantir nada e é uma escolha que teremos que fazer se ele quiser entrar na lista de transplante”.
A mãe de David, Tracey Ferguson, disse à NBC Boston que tentou de tudo. “Disseram-nos que ele precisa tomar a vacina para aceitar o transplante”. “Ele não é uma pessoa anti-vacinas. Ele tem todas as vacinas em dia, mas como há algumas reações adversas à sua condição, ele tomou a sua decisão.”
A família tentou transportá-lo para outro hospital, mas como David está demasiado doente não pode ser transferido.
“O sistema de saúde do hospital requer várias vacinas recomendadas pelo CDC, incluindo a vacina da Covid-19, assim como comportamentos de estilo de vida para criar a melhor chance de uma operação bem-sucedida”, confirma o hospital em comunicado, acrescentando que este procedimento pretende “otimizar a sobrevivência do paciente após o transplante, uma vez que o sistema imunológico é drasticamente afetado”.
Também Arthur Caplan, chefe de ética médica da NYU Grossman School of Medicine, sublinhou à CBS News que a vacina era necessária para esse tipo de procedimento. “Após qualquer transplante – rim, coração, o que for – o sistema imunológico fica como que desligado”, afirma. “Uma gripe pode matar, uma constipação pode matar, a Covid-19 pode matar. Os órgãos são escassos, não vamos distribuí-los a alguém que tem poucas hipóteses de viver quando outros vacinados têm mais chance pós- cirurgia de sobrevivência.”