Já passou um ano desde que o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus foi noticiado. Nos últimos meses, as economias pararam, as pessoas fecharam-se em casa e morreram mais de 1,6 milhões de pessoas. E, se a História se repetir, o mundo vai mudar: Nicholas Christakis, epidemiologista e professor na Universidade de Yale, prevê que, à semelhança do século XX, a próxima década vai conhecer os “Loucos Anos 20”.
A forma como a sociedade influencia o contágio através dos seus comportamentos é a especialidade do epidemiologista, e é com esse argumento que justifica as pandemias anteriores. As pragas terminaram, depois de muita luta e mesmo sem vacina, mas com comportamentos preventivos que o mundo também adotou este ano: distanciamento social, uso de máscara e lavagem das mãos.
“Durante as epidemias, registam-se aumentos na religiosidade, as pessoas economizam o dinheiro, ficam avessas ao risco. É isso que estamos a ver agora e é isso que temos visto durante centenas de anos durante as epidemias”, explica Christakis ao jornal Guardian. As economias ficaram mais frágeis em 2020 com as medidas restritivas e relembra que a culpa não é dos governos: “É o vírus que está a causar a desaceleração da economia, porque as economias entraram em colapso mesmo nos tempos antigos, quando as pragas aconteciam e quando não havia governo a dizer para fechar as escolas e os restaurantes.”
Mas, se as pessoas se têm tornado mais abstinentes, também haverá uma altura em que tudo voltará ao normal, com um boom de gente a partilhar experiências sociais. O americano desenha a cronologia: em 2021, os países distribuem a vacina e vão precisar de alguns anos para recuperar a economia. Aponta o meio da década como o início da segunda era dos “Loucos Anos 20”, com estádios, cafés e discotecas cheios de gente. “Em 2024, todas essas tendências da pandemia serão revertidas. As pessoas vão procurar implacavelmente as interações sociais”. Desde sexo, gastos de dinheiro e diminuição da religiosidade.
Autor da obra “Apollo’s Arrow: The Profound and Enduring Impact of Coronavirus on the Way We Live”, Christakis diz que “um dos argumentos do livro é que o que está a acontecer connosco pode parecer estranho e não natural para muitas pessoas, mas as pragas não são novas para a nossa espécie – são apenas novas para nós”, visto que a geração atual ainda não tinha vivido um momento como este. “O nosso mundo mudou, há um novo agente patogénico mortal a circular, não somos as primeiras pessoas a enfrentar esta ameaça e muito será exigido de nós. Vamos ter de crescer com isso.”