Há mais um ciclone a caminho de Moçambique, que deve atingir terra na próxima sexta-feira, 26 de abril. Com o rasto do Idai ainda a ser resolvido, o país prepara-se para ser atingido por ventos fortes, que podem chegar a uma velocidade de 120km/h e que se estima que afetem cerca de 700 mil pessoas, segundo a imprensa moçambicana. A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, deverá ser a mais afetada, segundo as previsões meteorológicas.
O governo nacional preparou já uma força de intervenção e disponibilizou 100 milhões de meticais (mais de 1,3 milhões de euros) para um fundo de emergência. Prontos para atuar, segundo a diretora geral do Instituto Nacional de Gestão de catástrofes, estão atualmente 10 embarcações e 20 pilotos que possam prestar apoio imediato nas operações de resgate; estão ainda preparados 74 tendas familiares, 92 kits de abrigos kits de ferramentas, tanques de água e bens alimentares vários para uma primeira ajuda.
Todas estas informações foram divulgadas à comunicação social durante uma reunião extraordinária do Conselho Coordenador de Gestão de Calamidades, que foi dirigida pelo primeiro-ministro moçambicano Carlos Agostinho de Rosário. O alerta vermelho foi anunciado esta manhã, com o país a querer evitar um cenário semelhante ao do ciclone Idai, em que o falhanço no sistema de alerta foi apontado como um dos principais responsáveis pelo elevado número de mortos.
Tal como aconteceu no mês passado, quando o Idai atingiu a Beira, também as bacias hidrográficas de Cabo Delgado estão com níveis de águas superiores ao normal, devido às intensas chuvas que têm caído na região, como é habitual nesta altura do ano. Alguns especialistas temem que alguns rios da província voltem a galgar as suas margens e que possam colocar em perigo algumas comunidades, dificultando a mobilidade.
Recorde-se que o ciclone Idai atingiu a costa moçambicana no passado dia 14 de março, matando mais de 600 pessoas e deixando milhares de desalojados nas províncias do centro do país. As contas do Banco Mundial estimam que o custo desta tragédia ambiental chegue aos 2 mil milhões de dólares, nos três países afetados – Moçambique, Malauí e Zimbabué – e que mais de 3 milhões de pessoas tenham sofrido o impacto do ciclone. O Idai tem sido apontado como o pior desastre natural de sempre do hemisfério sul, e as Nações Unidas estão a tentar recolher donativos para a criação de um fundo no valor de 282 milhões de dólares para continuar a ajudar a região durante os próximos três meses, revelava o The Guardian há uns dias.