O senador republicano norte-americano John McCain, que morreu no sábado, aos 81 anos, vítima de um cancro no cérebro, só teve um emprego durante a carreia: servir os Estados Unidos.Tal como o pai e avô, almirantes de quatro estrelas, John McCain dedicou-se a servir o país: primeiro como piloto de caça e depois como político.
Em 1967 o seu avião foi abatido durante uma missão de bombardeamento no norte do Vietname. John McCain, gravemente ferido com fraturas nos dois braços e no joelho direito, é detido pelas forças vietnamitas e passa mais de cinco anos como prisioneiro de guerra, até 1973.
Ao regressar aos Estados Unidos foi recebido como herói na Casa Branca pelo então Presidente Richard Nixon.
Aposentado da marinha em 1981, McCain mudou-se para o estado do Arizona e foi aí que desenvolveu a maior parte da carreira política, tendo sido eleito para a Câmara dos Representantes em 1982 e para o Senado em 1986.
Como político, defendeu o reatamento das relações diplomáticas com o Vietname e opôs-se ferozmente à tortura, denunciando as práticas usadas pelos serviços secretos norte-americanos (CIA) em interrogatórios sob a Presidência de George W. Bush, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que levaram à invasão do Iraque, em 2003.
Em 2000 tentou concorrer pela primeira vez à presidência norte-americana, mas perdeu nas primárias republicanas contra George W. Bush.
À segunda tentativa, em 2008, foi o candidato republicano escolhido, derrotando Mike Huckabee, Rudolph Giuliani e Mitt Romney nas primárias.
Mais tarde, perdeu a corrida à Casa Branca para o vencedor das primárias do Partido Democrata, Barack Obama, regressando ao cargo de senador pelo estado do Arizona. Desde dezembro de 2017 que McCain não comparecia às sessões do Senado devido aos problemas de saúde.
Poucos dias depois de conhecer o diagnóstico, em julho de 2017, McCain atrasou o início do tratamento para votar, juntamente com outros dois republicanos, contra a revogação do Obamacare, do ex-Presidente norte-americano Barack Obama, contrariando os planos do atual líder da Casa Branca, Donald Trump, que queria pôr fim à reforma na Saúde implementada pelo antecessor.
Em maio, o senador republicano começou a preparar a sua cerimónia fúnebre, juntamente com amigos mais próximos e conselheiros, e terá expressado que não queria a presença de Trump.
Ex-Presidentes lembram a coragem de John McCain
Ao contrário, todos ex-Presidentes dos Estados Unidos ainda vivos (Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton) já vieram pronunciar-se e consideraram o senador republicano John McCain, que morreu no sábado, um grande político, homem e patriota.
“John McCain e eu fomos membros de gerações diferentes, viemos de contextos completamente diferentes e competimos no nível mais alto da política. Mas compartilhamos uma fidelidade a algo superior: os ideais pelos quais gerações de americanos e imigrantes lutaram, combateram e se sacrificaram”, afirmou Barack Obama, 44.º presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, que venceu em 2008 a corrida à Casa Branca contra McCain.
“Poucos de nós foram testados da maneira que John foi, ou precisámos mostrar o tipo de coragem que ele demonstrou, declarou Obama. Em 1967 o avião do senador do estado do Arizona foi abatido durante uma missão de bombardeamento no norte do Vietname. John McCain, gravemente ferido com fraturas nos dois braços e no joelho direito, foi detido pelas forças vietnamitas e passou mais de cinco anos como prisioneiro de guerra, até 1973.
“McCain era um homem de profunda convicção e um patriota ao mais alto nível”, declarou George W. Bush.
43.º presidente, que venceu McCain nas primárias republicanas em 2000, enfatizou ainda que o senador foi um político “com as melhores tradições no país”.
Bill Clinton, 42º presidente dos EUA, lembrou John McCain como um homem que acreditava que “todos cidadãos têm a responsabilidade de fazer alguma coisa pelas liberdades dadas” pela Constituição norte-americana.
“Frequentemente deixava de lado o partidarismo para fazer o que achava melhor para o país”, disse Bill Clinton, que ocupou a presidência norte-americana entre 1993 e 2001. “Ficarei sempre grato pela sua liderança durante os nossos esforços bem-sucedidos para normalizar as relações com o Vietname”, conclui.