Foi recebido pessoalmente pelo Presidente francês, recebeu uma oferta de emprego nos bombeiros e a promessa da desejada nacionalidade francesa e chamam-lhe o “homem-aranha” do Mali, mas mais unânime ainda é o título de “herói”.
Mamoudou Gassama, 22 anos, que chegou a França há poucos meses, sem documentos, escalou um prédio de apartamentos no norte de Paris, no sábado à tarde, depois de ver uma criança de quatro anos em perigo – pendurada no lado de fora do quarto andar, enquanto um homem, numa varanda ao lado, tenta agarrá-la.
As imagens mostram o jovem a içar-se de varanda em varanda em poucos segundos, até agarrar a criança e a colocar em segurança no chão. O vídeo já foi visto milhões de vezes no Facebook.
“Felizmente, havia alguém fisicamente capaz e que tinha a coragem para ir salvar a criança”, referiu um porta-voz dos bombeiros, que chegaram ao local quando o menor já estava a salvo.
Sobre as circunstâncias do incidente, que poderia ter terminado de forma trágica, sabe-se apenas ainda que a mãe da criança não estava em Paris nessa altura e que o pai não estava em casa no momento e que foi detido por ter deixado o filho sem supervisão. A criança foi entregue temporariamente a uma estrutura de acolhimento.
Aos jornalistas, Gassama explicou que agiu em pensar: “Vi muita gente prestes a chorar e ouvi as sirenes das viaturas. (…) Tive medo quando salvei a criança, mais tarde comecei a tremer, não conseguia suster-me nos meus pés e tive que me sentar.” “Obrigado Deus, eu salvei-a”, exclamou ainda o maliano.
O agora herói foi recebido por Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu, onde, além das ofertas de emprego e nacionalidade, lhe foi entregue um certificado de coragem e dedicação assinalado pelo chefe da polícia de Paris, Michel Delpuech.
“Todos os papeis vão ser regularizados”, garantiu o chefe de Estado. “Bravo”, disse Macron a Gassama.
O jovem diz ter documentos que lhe permitem ficar legalmente em Itália, onde chegou em 2014 após atravessar o Mediterrâneo desde a Líbia, onde ficou cerca de um ano, mas quer juntar-se ao seu irmão, que vive há décadas em França.