O Partido Conservador inglês averba a segunda derrota consecutiva em apostas fundamentais para os destinos do Reino Unido. Se antes foi David Cameron, o anterior líder dos tories que prometeu um referendo à permanência dos súbditos de sua majestade na União Europeia e perdeu, agora é Theresa May a falhar os seus objetivos de reforçar a maioria absoluta que tinha na Câmara dos Comuns.
Cameron apostou tudo no “remain” (ficar na UE), mas os resultados são os que sabemos, o Brexit ganhou por menos de 4% de diferença. Cameron demitiu-se, entrou May, que foi ministra do Interior.
Ao convocar eleições antecipadas, a segunda mulher a dirigir os destinos do Reino Unido, depois de Margaret Thatcher, queria reforçar a maioria que tinha no parlamento como forma de enfrentar as duras negociações do Brexit. É que, apesar de ter a maior parte dos lugares, enfrentava quezílias internas nos tories e uma oposição que estava a dificultar o caminha delineado pelo Governo. “Os nossos oponentes acreditam que, como a maioria do Governo é tão pequena, a nossa resolução irá enfraquecer com o passar do tempo. Estão enganados”, dizia May em abril, no dia em que marcou as eleições.
Ora, o resultado das eleições de ontem vem mostrar que quem estava enganada era May. Perdeu a maioria absoluta e prepara-se para negociar com os Unionistas da Irlanda do Norte (DUP, na sigla inglesa) um acordo que permita viabilizar um governo de maioria.
Se antes os Conservadores tinham 330 dos 650 deputados de Westminster, agora, numa altura em que ainda falta apurar o resultado para 1 deputado, têm 318 e o DUP tem 10. A soma dá os 328 necessários para alcançar mais de metade dos acentos.
Para já, sabe-se que Theresa May tem uma audiência marcada com a Rainha Isabel II às 12 e 30 (mesma hora em Lisboa) e que lhe deverá apresentar uma proposta de governo em coligação com o DUP.
Se esta coligação for para a frente não haverá forma de os Trabalhistas fazerem uma outra coligação anti-tories. Os votos somados dos Trabalhista (261 deputados), do Partido Nacional Escocês (SNP; 35) dos Liberais Democratas (12), do Sinn Féin (republicanos da Irlanda do Norte; 7) e outros partidos (6) dá 321, número insuficiente para a maioria de 326. Teriam sempre de contar com os 10 lugares do DUP.