Freire apresentou a sua demissão horas depois de o ministro das Cidades, Bruno Araújo, abandonar o Governo em reação às acusações feitas ao Presidente.
Numa carta dirigida a Temer, Freire assegurou que “tendo em vista os últimos acontecimentos e a instabilidade política gerada pelos fatos que envolvem diretamente a Presidência da República”, decidiu, com “caráter irrevogável, renunciar ao cargo de ministro de Estado da Cultura”.
Segundo o texto, Freire voltará a ocupar o seu mandato na câmara dos deputados “para ajudar o país a buscar um mínimo de estabilidade política que nos permita avançar em reformas fundamentais para o desenvolvimento da economia, geração de emprego e renda e garantia dos direitos fundamentais para toda a população”.
Presidente do Partido Popular Socialista (PPS), Freire foi anunciado em meados de novembro como novo ministro da Cultura, em substituição de Marcelo Calero, que deixou o lugar depois de notícias de que recebeu pressões para aprovar um plano urbanístico.
O PPS é um dos partidos que forma a base do Governo brasileiro e conta também com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ainda no cargo, além de nove deputados federais e um senador.
Bruno Araújo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), um dos maiores aliados do Governo, anunciou também a sua saída do Executivo.
“Não renunciarei. Repito, não renunciarei”
Temer fez na quarta-feira uma comunicação ao país a dizer que não pensa renunciar ao cargo de Presidente, que ocupa desde a destituição da sua antecessora, Dilma Roussef.
“Não renunciarei. Repito, não renunciarei”, disse, numa curta declaração pública.
O Presidente foi gravado por empresários da JBS, grande produtora de carnes do Brasil, a concordar com um alegado pagamento de subornos ao ex-deputado Eduardo Cunha, condenado por envolvimento nos esquemas de corrupção na Petrobras.
“Ouvi, realmente, o relato de um empresário que por ter relações de um ex-deputado [Eduardo Cunha] auxiliava a família dele, mas não solicitei que isto acontecesse e só tive acesso a este facto nesta conversa”, declarou.
“Em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado, não comprei o silêncio de ninguém por uma razão singela que não temo nenhuma delação [acordo de investigados com a Justiça em troca de redução da pena]”, concluiu.
O juiz Edson Fachin, relator dos casos de corrupção da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou quinta-feira a abertura de um inquérito contra o Presidente.
com Lusa