Anthony Sahakian era amigo de Kim Jong Nam – assassinado no dia 13 no aeroporto de Kuala Lumpur – desde os tempos em que ambos estudaram na Suíça. A última vez que viu o meio irmão de Kim Jong Un foi quando este visitou Genebra, há uns meses. Em declarações ao The Guardian, Sahakian conta que “Lee” sentia que o líder norte-coreano o via como uma ameaça ao regime, depois da morte do pai de ambos, Kim Jon Il, em 2011, embora Kim Jong Nam sempre dissesse que não tinha qualquer ambição de poder em Pyongyang. Segundo Sahakian, Kim Jong Nam vivia com medo. “Não era um medo de tudo, mas era paranóico. Era uma pessoa politicamente importante. Estava preocupado. Claro que estava preocupado”, acredita.
Fruto de uma relação extra-conjugal com uma atriz, Kim Jong Nam saiu da Coreia do Norte ainda em criança, primeiro para a Rússia e depois para a Suíça, onde, com 12 ou 13 anos, conheceu Anthony Sahakian, a quem foi apresentado como filho de um embaixador.
“Era uma criança muito alegre, muito amistoso, muito generoso”, recorda, acrescentando que única coisa que tinha diferente dos outros miúdos era um Mercedes-Benz 600, que ele próprio conduzia. “Era um pouco surpreendente porque todos tinhamos 15 anos, na altura”.
De regresso à Coreia do Norte, acabaria por passar a viver no exílio, a partir de 2001, depois de ter sido apanhado a tentar entrar na República Dominicana com um passaporte japonês falso.
A causa da sua morte, na semana passada, ainda está por determinar, de acordo com as autoridades malaias. A autópsia não mostrou sinais de ataque cardíaco nem há vestígios de ferimentos causados por perfurações no corpo, conforme avança o diretor geral de saúde da Malásia, Noor Hisham Abdullah.
Questionado sobre se há indícios de que tenha sido envenenado, Noor Hisham disse que amostras foram encaminhadas para especialistas que podem determinar melhor a causa da morte.
O corpo de Kim Jong Nam tem estado no centro de um conflito diplomático entre Pyongyang e a Malásia, depois de a Coreia do Norte insistir que seja devolvido e de se ter oposto à autópsia. No entanto, a Malásia rejeitou o pedido, dizendo que os restos mortais devem ficar na morgue até um membro da família os identificar com uma amostra de ADN.
O corpo está agora protegido por guardas malaios armados..
Uma coluna de quatro veículos entrou no hospital esta madrugada, com cerca de 30 membros das forças especiais malaias que garantiram a segurança na área antes de deixarem o local a meio da manhã.