Segundo estimativas desenvolvidas pela Veyt, uma empresa que analisa o mercado do carbono, o preço do gasóleo deverá aumentar cerca de 50 cêntimos, por litro, já a partir de 2031, por forma a cobrir os custos do carbono. A previsão baseia-se em regulamentações – nomeadamente a ETS2 – aprovadas pela União Europeia e obrigam os fornecedores de combustível – a partir de 2027 – a comprar licenças de emissão, de forma a cobrirem as emissões de dióxido de carbono que tem, o que terá, por conseguinte, impacto nos valores pagos pelos consumidores finais. Os dados da Veyt foram inicialmente avançados esta segunda-feira pelo Financial Times, e consultados posteriormente pela VISÃO.
A estimativa prevê que em 2027, no mesmo ano em que entrará em vigor a ETS2, exista um acréscimo de 14 cêntimos por litro de gasóleo; o aumento atingirá os 54 cêntimos já em 2031. “O novo sistema europeu de fixação de preços das emissões para os transportes rodoviários, edifícios e pequenas indústrias está mesmo ao virar da esquina, pelo que as empresas e as entidades reguladoras têm de agir rapidamente para estarem preparadas”, pode ler-se na previsão feita pela Veyt.
O sistema de comércio de licenças de emissão, aprovado pela União Europeia em 2022, faz parte de um conjunto de reformas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na Europa em 55% até 2030. O novo sistema ETS2, que abrange os transportes e habitação, funcionará de forma semelhante ao regime de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa, que atualmente abrange as emissões dos produtores de eletricidade e da indústria pesada. Ademais, uma parte das receitas geradas pela aplicação da taxa destina-se ao “fundo social para o clima”, que apoia famílias com rendimentos mais baixos e pequenas empresas, com custos relacionados com a eficiência energética e descarbonização dos transportes.
Marcus Ferdinand, diretor de análise da Veyt, considera, em declarações ao Financial Times, que o regime agora implementado poderá desencadear uma “onda considerável de redução de emissões equivalente a cerca de 400 milhões de toneladas em todos os sectores abrangidos até 2040”, especialmente, no setor rodoviário.
Já segundo Johan Mattart, presidente da Federação Belga de Distribuidores de Combustível, acredita que as medidas não serão facilmente aplicáveis a todos. “O objetivo da diretiva é, obviamente, reduzir as emissões de CO₂, mas receio que nem todas as famílias possam pagar uma bomba de calor e que nem todas as casas sejam adequadas para isso”, explicou ao Financial Times. Mattart referiu ainda que várias empresas terão recebido, nas últimas semanas, cartas das autoridades regionais sobre as suas obrigações no âmbito do regime, mas que ainda parece existir alguma confusão relativamente à abrangência e monitorização das medidas.