Mais do que em pontos do PIB, a história económica do arranque do ano é contada em graus Celsius. Um inverno menos rigoroso na Europa está a ter um efeito dominó na crise energética e nas probabilidades de uma recessão dolorosa, ao mesmo tempo que a economia se revela mais resiliente do que se previa. A maré pode estar a mudar e sopram ventos que são mais favoráveis à Europa e a Portugal.
Desde que tanques russos entraram na Ucrânia a 24 de fevereiro que o pessimismo invadiu o discurso económico. Não é caso para menos. A inflação, que já se revelava desafiante, tornou-se o epicentro dos problemas. Com ela, veio a mais agressiva e coordenada subida de taxas de juro em meio século. À maior aceleração económica em 50 anos sucedeu a maior travagem em oito décadas. Vendo os juros a subir, os governos acompanharam os bancos centrais na retração. Poucos de forma tão óbvia como o Executivo português, que claramente privilegiou a descida da dívida e um novo “brilharete” no défice a apoios públicos mais ambiciosos. As famílias começaram a sentir na carteira as perdas de poder de compra e as empresas assistiram ao esmagamento das suas margens, devido à subida do preço da energia e das matérias-primas.
