O ministro da Presidência, que será o interlocutor do Governo no diálogo com a oposição, apelou hoje para que não se faça na “praça pública” a discussão inter-partidária no processo negocial sobre a ajuda externa.
Pedro Silva Pereira falava aos jornalistas depois de o primeiro-ministro, José Sócrates, ter recebido em São Bento os partidos da oposição sobre o processo negocial que o Governo fará com o Fundo de Europeu de Estabilização Financeira e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a ajuda externa.
De acordo com o ministro da Presidência, nestes encontros, o Governo pediu aos partidos para que lhe indicassem os seus interlocutores nas negociações internas e, apesar de Portugal se preparar para uma campanha eleitoral, pediu também discrição nessas conversações.
Críticas ao PSD
O ministro da Presidência sustentou que as contas públicas portuguesas “são inteiramente transparentes” e criticou o líder do PSD por usar expressões impróprias antes de Portugal iniciar uma negociação internacional como “esqueletos escondidos no armário”.
Depois de ser confrontado com as exigências do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, de querer todas as situações financeiras do país “em cima da mesa” antes de iniciar um processo de acompanhamento das negociações do Governo com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“As contas públicas portuguesas são inteiramente transparentes e conhecidas”, sendo “auditadas por entidades independentes, reportadas internacionalmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e verificadas pelo eurostat. A insistência por parte do PSD no sentido de se verificar alguma falta de transparência nas contas públicas, a insistência em expressões no mais impróprio dos momentos — como esqueletos no armário ou gatos escondidos com rabo de fora — não são contributos à altura das exigências do país e do sentido do interesse nacional”, respondeu o ministro da Presidência.
Expetativa de acordo para lá das eleições
O ministro da Presidência afirmou ainda que a expetativa das instituições internacionais é que haja um acordo nacional sobre os programas de ajustamento e de ajuda externa que transcenda o horizonte de vida do Governo de gestão.
A posição de Pedro Silva Pereira foi assumida depois de confrontado com as posições do CDS e do PCP no sentido de que o Governo de gestão, nas negociações internacionais, não assuma compromissos não urgentes que possam vigorar após as eleições de 05 de junho próximo.
Sobre as limitações inerentes aos poderes do atual executivo, que se encontra demissionário, Pedro Silva Pereira disse haver consciência de que o Governo se encontra em gestão.