Tornou-se conhecido por interpretar Finn, na trilogia “Star Wars”. Um trabalho que lhe valeu o Bafta de Estrela Revelação. Mas o ator britânico de origem nigeriana revelou agora que se sentiu discriminado pela Disney. E como isso lhe deu força para se tornar uma “pessoa mais militante” e a assumir-se como mais uma voz do discurso antirracista. Foi isso que levou, por exemplo, a fazer um discurso emocionante durante um dos protestos do movimento Black Lives Matter, em Londres, em junho deste ano.
No seu entender, a produção daquela saga milionária acabou por dar mais importância a todas as outras personagens e o desenvolvimento da sua personagem ficou muito áquem das expetativas. “O que eu diria é que não se deve comercializar a ideia de que as personagens negras vão ser muito mais importantes na saga do que realmente são. E em seguida deixá-las de lado”, lamentou John Boyega, em entrevista à revista GQ.
“Não é propriamente uma novidade
A primeira aparição do ator no universo “Star Wars” ocorreu no episódio VII da saga, intitulado “O despertar da força”. Dava vida a um Stormtrooper (um membro da tropa do Império Galáctico), desempenhando papel muito importante. Mas, aos poucos e poucos, nos filmes que se seguiram, a sua personagem foi-se tornando cada vez mais secundária. Já as personagens de Daisy Ridley (Rey) e Adam Driver (Kylo Ren), ambos atores brancos, passaram a ter muito mais destaque.
“O foco passou a estar sempre sobre eles. Vamos ser sinceros. A Daisy sabe disso. O Adam sabe disso. Toda a gente sabe disso. Não é propriamente uma novidade”. Garantindo ainda não ter sido o único a ser posto de parte, Boyega também denuncia nesta entrevista um tratamento sistematicamente estereotipado dos personagens negros, nos sucessos de bilheteira de Hollywood.
“Tocou-me profundamente ter a noção de que tive esta oportunidade numa indústria que ainda não está preparada para mim. Aparentemente está mais aberta à representação de minorias, mas ainda tem um longo caminho a percorrer. ” E acabou a confessar que recebeu ameaças de morte por parte de alguns fãs da série, que queriam os filmes cancelados por causa dele. “Só eu sei o que é”.
Expor assim a situação e os problemas que ocorreram ao longo das gravações e divulgação do filme valeram-lhe uma série de críticas nas redes socias. Mas o ator não vacilou . “O facto de eu partilhar estas conversas não se trata de uma caça às bruxas. Trata-se de dar clareza a uma raiva que pode ser vista como egoísta, perturbadora e auto-indulgente. Obviamente, sempre com a esperança de uma mudança para melhor. Eu disse o que disse. Amo-vos a todos. O vosso apoio é fantástico!”, pode ler-se numa publicação feita por Boyega na sua página do Twitter.