A longa-metragem, que traça um retrato da crise económica que atingiu Portugal aos olhos de um pugilista desempregado, foi distinguida com os prémios de melhor filme, realização, ator principal e secundário, para Nuno Lopes e José Raposo respetivamente, assim como argumento original, fotografia e direção artística.
É “a primeira crise da minha geração e todos os dias havia direitos que pareciam que nos eram retirados. Aquele filme é sobre a crise e sobre a minha crise, a nossa crise”, afirmou Marco Martins num dos discursos de agradecimento.
“Espero que estes prémios ajudem a aproximar o público dos filmes portugueses”, disse Marco Martins.
Quando recebeu o Sophia de melhor ator, Nuno Lopes afirmou que na cultura portuguesa “os anos da crise ainda não passaram”.
“Continuamos a ser desrespeitados constantemente nos atrasos dos concursos e na forma pouco clara como são atribuídos”, disse, referindo-se os concursos de apoio ao cinema e audiovisual de 2018 que ainda não abriram.
Com a anunciada presença do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, na cerimónia, Nuno Lopes deixou um apelo: “A cultura é uma responsabilidade do Estado. Juntem-se a nós e façam a vossa parte, senhores governantes, ainda vamos a tempo. Um país sem cultura não é um país, é uma área mal ocupada”.
“Peregrinação”, de João Botelho, conquistou três Sophia, em categorias técnicas, enquanto “A Fábrica de nada”, de Pedro Pinho, recebeu os prémios de melhor montagem e argumento adaptado.
Na sexta edição dos prémios Sophia, “Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo”, de João Monteiro, foi eleito o melhor documentário em longa-metragem, e “O homem eterno”, de Luís Costa, a melhor curta-metragem documental.
O Sophia de melhor curta-metragem de ficção foi para “Coelho Mau”, de Carlos Conceição, e o de curta de animação distinguiu “A Gruta de Darwin”, de Joana Toste.
O Sophia de melhor série televisiva foi para “Madre Paula”, exibido na RTP.
A Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda três prémios de carreira à caracterizadora Ana Lorena, ao realizador e ensaísta Lauro António e ao realizador Artur Correia, recentemente falecido.
Lusa