O médico João Júlio Cerqueira foi hoje condenado a pagar 15 mil euros a Pedro Choy pelo crime de difamação continuada. O tribunal fixou ainda o pagamento de uma multa acessória superior a três mil euros.
O processo teve início quando João Júlio Cerqueira, especialista em Medicina Geral e Familiar, foi processado por Pedro Choy, na sequência de textos publicados no site SCIMED, que se dedica a desfazer mitos na área da ciência. Em vários artigos, o criador e autor da página chamou “charlatão” e “vendedor de banha da cobra” (entre outros adjetivos) a Pedro Choy.
Na sessão, que decorreu esta manhã, no Campus da Justiça, em Lisboa, a juíza Mafalda Bigas Fonseca, encarregue pelo caso, confirmou a condenação, justificando a mesma com o facto de os termos utilizados por João Júlio Cerqueira ultrapassarem o que pode ser considerado como “a liberdade de expressão consignada na Constituição”.
Pedro Choy, que exigia uma indemnização de 80 mil euros por danos morais, descreveu em tribunal que, depois dos “ataques”, nunca mais conseguiu dormir uma noite tranquila, começou a sofrer de lapsos de memória e teve de passar a ser medicado para conseguir repousar. O principal rosto da medicina tradicional chinesa em Portugal disse mesmo à juíza que estava a ser alvo de ameaças de morte na sequência das críticas que lhe tinham sido dirigidas (e às suas práticas).
À saída da sessão, João Júlio Cerqueira confirmou que vai recorrer da decisão. “Nunca quis difamar ninguém, mas apenas esclarecer a população sobre a ineficácia das medicinas alternativas. As expressões que utilizei nos meus textos estão perfeitamente contextualizadas. Pedro Choy é uma figura pública, considerado como o principal rosto da medicina tradicional chinesa em Portugal e julgo, também por isso, que deveria ter maior capacidade de suportar a crítica. Eu próprio, dada a minha exposição, sou variadíssimas vezes criticado e não processo ninguém”, disse à VISÃO.
Citado pelo Público, Pedro Choy também reagiu, afirmando que “a violência devia ser banida da sociedade, seja ela física ou verbal”. “Não aceito que um ser humano trate outro ser humano da forma como este médico me tratou a mim”, disse, acrescentando esperar agora que outras “vítimas” de João Júlio Cerqueira tenham também a coragem de avançar para tribunal. O queixoso não adiantou se vai recorrer da sentença da juíza.
Recorde-se que, na passada semana, Pedro Choy esteve envolvido numa outra polémica, depois de a VISÃO ter revelado que o empresário e praticante ligado às medicinas alternativas chegou a dizer, nos cursos de acupunctura que lecionava, perante centenas de alunos, que a homossexualidade é considerada, pela medicina tradicional chinesa, uma “doença” que pode ser “curada”, tendo mesmo admitido, na altura, que realizou a conversão de um jovem homossexual de apenas 16 anos.