É uma das maiores apostas da BMW para os próximos tempos: o iX é um 100% elétrico de raiz e, também por isto, estreia novas soluções da marca alemã. A começar por um sistema operativo criado em Portugal pela Critical TechWorks, que altera a forma de interação entre condutor e automóvel. A interface é apresentada no generoso painel curvo frontal, constituído por dois ecrãs: o frontal, que substitui o tradicional painel de instrumentos, e o central, que é tátil. Ambos de altíssima resolução e com menus hierarquicamente organizados para apresentar em destaque as funções mais utilizadas e, em segundo nível, as menos importantes. Bem diferente da solução mais habitual em outras marcas, onde se tenta replicar as interfaces dos smartphones com um ícone por aplicação. Neste primeiro contacto – cerca de duas horas de condução – ficámos muito bem impressionados com a interface, que nos pareceu intuitiva, bem organizada e inteligente (apresenta o que é necessário quando é necessário). Certamente uma das melhores, senão a melhor, que já experimentámos a bordo de um automóvel.
Primeiro contacto em direto
Ligado à Internet, mas via BMW
Um sistema sempre conectado que junta software da BMW com aplicações de terceiros, como o Spotify, e suporte avançado para Android Auto e Apple CarPlay – estes sistemas podem funcionar integrados dentro da interface da BMW, o que permite, por exemplo, alternar entre funcionalidades do Apple CarPlay e do sistema da BMW sem abandonar um ou outro.
Em conversa com o COO da Critical Teck Works, Jochen Kirschbaum, ficámos a saber que todos os dados trocados entre o carro e a Internet passam pelos servidores da BMW para garantir a segurança. Ou seja, nunca há ligação direta entre o sistema de infoentretenimento e a Internet. Nem memos quando se faz streaming de música via Spotify. É uma das técnicas aplicadas pela marca alemã para dificultar os ciberataques e garantir a segurança dos dados dos utilizadores.
A roda em cristal permite controlar a interface do ecrã principal, sendo uma alternativa ao modo tátil O controlo dos bancos passou para as portas Os dois ecrãs estão instalados num painel curvo virado para o condutor Há muitas apps de base, incluindo streaming de música via Spotify A câmara interior permite guardar fotos e vídeos
Não foi só o software que mudou. Nota-se que os engenheiros da BMW e da Critical TechWorks conceberam a nova interface de modo integrado entre software e hardware. Por exemplo, agora há muito menos botões físicos a bordo. Como acontece no software, só os comandos mais utilizados têm direito a botão físico sendo que existem botões de atalho para configurações extra. Um exemplo concreto desta arquitetura: em vez do habitual comando rotativo com muitas opções para controlo das luzes que encontramos nos BMW anteriores, só existem três botões, o Auto (escolha automática feita pelo carro), o botão para as luzes de nevoeiro e o tal botão para opções extra. Quando pressionamos este botão, é aberto um menu de opções avançadas no ecrã central, onde podemos definir uma série de parâmetros manualmente. Isto porque a BMW sabe, do estudo dos clientes, que a esmagadora maioria dos condutores só usa as opções Auto e, quando necessário, ativa as luzes de nevoeiro. Esta estrutura de opções é válida para outros subsistemas, como o ar condicionado. Num primeiro nível só acertamos a temperatura, mas se formos ao botão extra podemos alterar todos os detalhes, incluindo temperatura dos bancos, velocidade da ventilação, direção do fluxo de ar, aquecimento das superfícies (sim, é possível aquecer as superfícies interiores do carro)…
Grande e poderoso
O iX é um carro imponente. Por fora, tem as dimensões de um X5 mas, por usar uma plataforma criada de raiz para 100% elétricos, há mais espaço para os ocupantes. Por exemplo, não há ‘túnel de transmissão’, apesar de a tração ser integral. Isto porque são usados dois motores, um instalado no eixo traseiro e outro instalado no eixo frontal. Curiosamente, não há mala extra por baixo do capô, apesar de este ser bem longo. Na verdade, nem é possível abrir o capô e, por isso mesmo, o bocal para adicionar líquido de para-brisas está escondido por debaixo do logótipo da BMW. Há mais funcionalidades escondidas, a que a BMW chama de Shy Tech. Por exemplo, o agora enorme ‘duplo rim’ da BMW esconde o radar e um esguicho de água para limpar a câmara frontal e há altifalantes integrados nos bancos da frente para sentirmos melhor a música – o sistema de som é do melhor que já ouvimos. O iX está cheio deste tipo de pormenores que juntam funcionalidade e luxo. E, por falar em luxo, o interior tem uma qualidade verdadeiramente premium, com bancos superconfortáveis, que nos parecem abraçar. Bancos que ajudam muito a atingir o nível de conforto que, no que diz respeito elétricos que já testámos, só tem rival no Mercedes EQS. Aliás, a afinação da suspensão do iX consegue atingir um equilíbrio entre conforto e dinâmica impressionante. Sobretudo considerando que estamos a falar de um SUV. Pelo menos na versão ensaiada, o xDrive50, a capacidade de reagir ao acelerador impressiona mesmo os condutores habituados às capacidades de aceleração e recuperação dos elétricos.
Os sistemas inteligentes também são aplicados à condução. Gostámos particularmente do modo de regeneração Adaptive que aumenta e reduz a travagem com o motor e consequente transferência de energia para a bateria de acordo com a estrada e trânsito. Por exemplo, se levantarmos completamente o pé do acelerador numa reta sem trânsito em frente, o sistema deixa o carro deslizar, como se estivesse em ‘ponto morto’, mas se fizermos o mesmo em aproximação de um cruzamento ou de um carro, a desaceleração e regeneração aumentam. Em condução calma com este modo ativado é possível conduzir sem praticamente usar o pedal de travão, o que aumenta o conforto e a eficiência energética.

Dados técnicos e preços
O iX vai estar disponível em duas versões: xDrive 40 e xDrive 50. O primeiro tem uma bateria de 71 kWh úteis (77 kWh totais), capaz de uma autonomia WLPT de 425 km. A potência máxima de carregamento é de 11 kW em AC (corrente alternada) e de 150 kW em DC (corrente contínua), o que, segundo a marca, permite recuperar 95 km de autonomia em 10 minutos. A potência e o binário são, respetivamente, 240 kW (326 cavalos) e 630 Nm, permitindo uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 6,1 segundos.
O xDrive 50, que conduzimos, tem uma bateria de 105 kWh úteis (112 kWh no total), autonomia WLTP de 631 km, potência máxima de carregamento de 11 kW AC e 200 kW DC (150 km em 10 minutos) e aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,6 segundos, graças a 385 kW (523 cavalos) de potência e 765 Nm de binário.
Os preços base para são de €89.150 para o iX xDrive40 e €107.000 para o iX xDrive50.