Quando a polémica em volta da exploração de lítio em Portugal se mantém atual, A Savana e a Montanha, documentário de Paulo Carneiro, estreia-se em sala, dando voz à resistência popular contra as novas minas, concessionadas à empresa britânica Savannah Resources. O filme ganhou grande destaque ao ser selecionado para a Semana dos Realizadores no Festival de Cannes de 2024.
Paulo Carneiro, que já conhecíamos do documentário Bostofrio (2018), não esconde a militância ecológica e sociopolítica do filme neste retrato da comunidade de Covas do Barroso, em Trás-os-Montes. A Savana e a Montanha mostra movimentos organizativos populares que pretendem resistir à destruição da montanha em nome de uma certa ideia de progresso.
Focado no coletivo, mas também em personagens fortes, o estilo de Paulo Carneiro inclina-o para uma certa artificialidade que se distancia de uma ideia mais convencional de documentário. O realizador cria ou recria cenas para expor de forma eficaz as suas ideias, demonstrando grande cumplicidade com os agentes locais. E, de alguma forma, sabe tirar partido disso, incluindo para a banda sonora endógena, que se torna uma das mais-valias do filme.
A Savana e a Montanha > De Paulo Carneiro > 67 min