Num texto que publicou em 2000, Fernando Lanhas (1923-2012) descrevia o Homem como um “fenómeno magistral. Dado num planeta. Não se sabe porquê…” O texto elucidativo sobre o entendimento do mundo do arquiteto, artista e astrónomo – parte dele acabaria por dar título a esta exposição – foi um dos pontos de partida para Serralves assinalar o centenário do nascimento de Lanhas no museu onde deixara em depósito parte do seu acervo.
Na sala, três obras prendem o visitante: no chão, Carta das Distâncias e das Rotas dos Planetas do Sistema Solar e de Algumas Estrelas (1969), Ortoscópio (2002), uma caixa que é um visor do espaço e das galáxias, e uma fotografia d’O Sol (2003), que são demonstrativas da preocupação de Lanhas pela representação do Universo. “O meu pai queria ver as coisas, foi sempre muito visual. Gostava de criar objetos para ter uma consciência da realidade”, descreve o filho, Pedro Lanhas, durante a apresentação.
Nas paredes, desvenda-se parte da obra pictórica do artista (cuja paleta de cores era obtida através de pedras moídas), pioneira na introdução do abstracionismo geométrico em Portugal desde meados dos anos 40 do século passado, mas também a sua paixão pela arqueologia (visível na coleção de seixos pintados e de fósseis), pela botânica, pela escrita poética e ficcional (há poemas e publicações em vitrinas que foram desenhadas pelo próprio Lanhas). Um documentário de João Trabulo sobre a retrospetiva em Serralves, em 2001, na altura dos 80 anos do arquiteto, serve de antecâmara à exposição.
Centenário Integrada nas comemorações dos 100 anos de Fernando Lanhas, o Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra, apresenta a exposição Sabe o que não Sabes, com curadoria de Miguel Von Hafe Pérez, até 24 de março de 2024.
O Homem é Fenómeno Magistral > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 3 mar, seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19 > €11