1. And Just Like That…, HBO
Dezassete anos passaram desde o fim de O Sexo e a Cidade e Carrie (Sarah Jessica Parker), Miranda (Cynthia Nixon) e Charlotte (Kristin Davis) continuam amigas, embora em fases diferentes das suas vidas. A fogosa Samantha (Kim Catrall) está ausente – talvez em Londres, afastada de Nova Iorque onde seria impossível não se cruzar com as amigas. Revolucionárias para uns, excêntricas para outros, o certo é que estas personagens foram referência para milhões de mulheres no mundo, nos anos antes e depois da passagem para o século XXI, quando as Torres Gémeas ainda apareciam no genérico da série. Entre 1998 e 2004, em quase 100 episódios em seis temporadas, seguidas de mais dois filmes (2008 e 2010), estas personagens criadas por Darren Star, a partir do livro de Candace Bushnell, andavam na casa dos 30 anos. Agora, em And Just Like That…, aproximam-se dos 60 e, sem plásticas que lhes mudassem as feições, assumem os cabelos brancos, as rugas, os corpos de meia-idade, em processo de envelhecimento.
A base da nova série (um original da HBO) nasceu na primavera de 2020, quando Sarah Jessica Parker conversava com Michael Patrick (produtor da série original e agora argumentista) sobre fazer um podcast sobre os bastidores de O Sexo e a Cidade. HBO > Estreou 9 dez, qui > 10 episódios
2. CSI: Las Vegas, Fox
A equipa de investigadores que deu a conhecer ao mundo a ciência forense, tornando cada um dos espectadores um verdadeiro detetive, regressa para a sequela de CSI: Crime Scene Investigation. A cadeia de televisão norte-americana CBS, a mesma que cancelou CSI: Las Vegas, quis celebrar o 20º aniversário de uma série com mais de 330 episódios, ao longo de 15 temporadas.
O melhor que fizeram, para os novos dez episódios, foi repescar antigas personagens, cujo carisma se mantém. Gil Grissom (William Petersen), Sara Sidle (Jorja Fox), Jim Brass (Paul Guilfoyle) e Hodges (Wallace Langham) são chamados quando uma ameaça ao laboratório criminal de Las Vegas põe em causa milhares de casos encerrados, correndo o risco de assassinos em série serem libertados. Fica a faltar, por agora, Catherine Willows (Marg Helgenberger), substituída por Maxine Roby (Paula Newsome) na liderança da equipa, mas, quem sabe, não aparecerá? Afinal, há seis anos, quando chegava ao fim uma das séries mais queridas do público, não foi a última vez a ouvir-se o genérico Who Are You?, mítico tema dos The Who. Fox > Estreou 6 dez, seg 22h15 > emissão seg 22h15 > 10 episódios
3. American Crime Story: O Caso Monica Lewinsky, Fox Life
Monica Lewinsky tem agora 48 anos e um percurso como ativista social, mas o mundo só se lembra desta norte-americana como a estagiária da Casa Branca que, em 1998, protagonizou o escândalo sexual que levaria a um processo de destituição do Presidente dos EUA, um affair que durou 18 meses. Se na altura já existisse o movimento #MeToo, tudo teria sido diferente. E Bill Clinton, provavelmente, não teria mentido quando disse, em direto, na televisão que não tinha tido relações sexuais com a sua estagiária.
Agora, e depois de ter retratado o julgamento de O.J. Simpson e o assassínio de Gianni Versace, a dupla Ryan Murphy e Brad Falchuk apresenta a terceira temporada da série antológica American Crime Story, vencedora de 16 Emmy. Na base de O Caso Monica Lewinsky está o livro de Jeffrey Toobin, A Vast Conspiracy, e a história contada através dos olhos das mulheres que estiveram no centro do caso. Além de Monica Lewinsky (Beanie Felstein), produtora da série que participou em todo o processo, revendo até as cenas mais intensas, contam-se as histórias de Linda Tripp (Sarah Paulson), uma funcionária pública que gravou em segredo as conversas com Lewinsky, e de Paula Jones (Annaleigh Ashford), outra funcionária pública do Arkansas que acusou Clinton (Clive Owen), quando era governador do Arkansas, de a ter pressionado a fazer sexo oral. Claro que Hillary Clinton (Eddie Falco) também faz parte da equação. Fox Life > Estreou 9 dez, qui 22h20 > Episódio duplo > emissão qui 22h20 > 10 episódios
4. Landscapers, HBO
Olivia Colman e David Thewlis protagonizam esta minissérie de quatro episódios, baseada na história verídica de Susan e Christopher Edwards, um casal aparentemente normal de Nottingham que assassinou os pais de Susan e esteve em fuga durante 15 anos, em França. Em Landscapers, Olivia Colman (vencedora dos Oscars de Melhor Atriz em A Favorita e The Crown) é uma homicida, uma vítima e uma louca pelo cinema de Hollywood (e pelo ator Gary Cooper). A adaptação para televisão é do argumentista Ed Sinclair (marido de Olivia na vida real), que ficou fascinado com a história do casal Edwards, condenado em 2014 pelo crime cometido em 1998. F.A. HBO > Estreou 8 dez, qua > 4 episódios
5. O Poder do Cão, Netflix
Há muito que se aguardava um novo filme da realizadora neozelandesa Jane Campion (o último foi Bright Star – Estrela Cintilante, em 2009, e todos se lembram do sucesso de O Piano, em 1993). Baseado no livro de Thomas Savage (1967), O Poder do Cão, produzido pela Netflix, leva-nos ao velho Oeste do Montana, em 1925, e retrata a história dos irmãos Burbank que gerem o rancho herdado dos pais: o cruel e rude Phil (Benedict Cumberbatch) e o gentil e bem-formado George (Jesse Plemons). George acaba por se casar com a viúva Rose (Kirsten Dunst), dona de uma estalagem, cujo filho adolescente Peter (Kodi Smit-McPhee) se entretém com atividades pouco comuns nos homens, como criar folhas de papel. Com banda sonora de Jonny Greenwood, o guitarrista genial dos Radiohead, O Poder do Cão deu a Campion o prémio de Melhor Realização no Festival de Veneza. Um filme sobre as profundezas obscuras do ser humano, numa incrível interpretação de Benedict Cumberbatch que o pode levar ao Oscar. F.A. Netflix > já disponível
6. The Young Pope, AMC
Chega ao AMC a minissérie em que o realizador Paolo Sorrentino se debruçou sobre o Vaticano e as suas manobras de bastidores (e que continuaria em The New Pope). The Young Pope, a série italiana mais cara de sempre, apresenta-nos Pio XIII, o primeiro Sumo Pontífice americano, e o mais jovem de sempre a liderar a Igreja Católica, com mil milhões de crentes (um quinto da população mundial). Jude Law veste a pele de Lenny Belardo, um Papa que fuma cigarros, calça Havaianas, aparece nu (de costas), bebe Coca-Cola zero com sabor a cereja e café de saco americano, faz malabarismo com laranjas e tem o poder de parar a chuva. “Ciao Roma, ciao mundo”, cumprimenta ele a multidão molhada na Praça de São Pedro. “Temos de estar em harmonia com Deus, mas temo-nos esquecido de nos masturbar, de usar contracetivos, de fazer abortos, de celebrar casamentos entre padres, de praticar a eutanásia, de nos divorciar, de usar a ciência para fazer bebés”. O discurso que para alguns seria de sonho, em The Young Pope é mesmo um sonho. Diane Keaton, Silvio Orlando, Scott Shepherd e Cécile de France são outros dos atores que completam o elenco. AMC > Estreou 9 dez, qui 22h55 > emissão qui 22h55 > 10 episódios
7. Glória, Netflix
Quando o centro de retransmissão da Radio Free Europe se instalou no concelho de Salvaterra de Magos, nascia uma cidade americana no meio do Ribatejo. Eis o mote da série de espionagem Glória, a primeira ficção original portuguesa produzida para a plataforma de streaming Netflix. A história de Glória recua a 1968, época ditatorial do Estado Novo, com Oliveira Salazar como presidente do Conselho de Ministros e uma PIDE muito reativa, enquanto a Cortina de Ferro dividia a Europa em duas. Mas a narrativa não é bafienta, garante mistério, cenas de ação e foco num elenco luso e estrangeiro bem equilibrado, prevalecendo a língua portuguesa. Aquele era também o tempo de espiões, como Mia, aqui interpretada por Victoria Guerra, a telegrafista polaca e agente do KGB (serviços secretos russos) desaparecida das instalações da rádio, e João Vidal, protagonizado por Miguel Nunes, o engenheiro eletrotécnico nascido no seio de uma família católica e burguesa, recrutado pelo KGB em África, quando combatia na Guerra Colonial em Angola. Produzida pela Spi (o braço internacional da produtora SP Televisão) com um orçamento muito pouco habitual em produções portuguesas, Gloria é uma ideia de Pedro Lopes, com realização de Tiago Guedes. Netflix > 10 episódios
8. Odisseia, HBO
A série da RTP, protagonizada por Bruno Nogueira e Gonçalo Waddington, ao volante da autocaravana Calipso (estreou em 2013, no canal um) chegou à HBO. Odisseia começa por nos mostrar os dois atores (primeiro, interpretando-se a si mesmos), a percorrerem o País com a intenção de se afastarem dos seus problemas profissionais e pessoais. A série, de oito episódios, é uma viagem entre o cómico, o depressivo e o mirabolante, onde acabam por entrar depois Nuno Lopes, Rita Blanco, Manuel João Vieira, Camané e Tiago Guedes, realizador e coautor. F.A. HBO > 8 episódios > Disponível também na RTP Play
9. Doutor Portuondo, Filmin
Todas as pessoas precisam de psicanálise. Essa é a crença de Carlo Padial, o criador e realizador da primeira série original da Filmin, uma adaptação do seu romance autobiográfico, sobre as memórias da terapia feita no consultório do doutor Portuondo. Um carismático psicanalista cubano (interpretado pelo ator cubano Jorge Perugorría), exilado em Barcelona, capaz de desconstruir o pensamento de Freud em tiradas de fácil compreensão, de dançar com os pacientes, mas também de lhes gritar e expulsá-los do consultório. O jovem Padial (o ator Nacho Sánchez) descreve-se como um neurótico, alguém que “tem medo de tudo e de todos”, mas cuja vida não é especialmente interessante. Para obter a atenção de Portuondo, constantemente a fumar cachimbo e a beber uísque, começa a inventar histórias, cada uma mais louca do que a outra, na esperança de o impressionar. E desenvolve uma obsessão pelo psicanalista. Nos seis episódios de 25 minutos, o criador retrata com humor estas consultas peculiares, desde as sessões individuais às de grupo, em que conhece as personagens mais excêntricas. Experiências transformadoras que mudaram a maneira como Carlo Padial encara a vida e que, para quem assiste à série, normalizam o tema da saúde mental. J.L. Filmin > já disponível > 6 episódios