A cantora Vanusa (1947-2020), uma referência musical dos anos 70 no Brasil, é o grande ídolo de Cassandra, uma mulher que nasceu homem, deixou a terra onde cresceu e agora é estafeta na caótica metrópole de São Paulo. As entregas de mota são mal pagas e a cantora de covers de Vanusa precisa de ganhar mais dinheiro. A solução passa pelos shows noturnos, num ambiente pautado por alguma decadência, sem o glamour esperado, em que tantas vezes interpreta Manhãs de Setembro, grande hit da sua referência musical.
Aos 30 anos, Cassandra conseguiu ter uma casa própria e sente que está a conquistar a independência pela primeira vez. Mas essa emancipação vai sofrer um revés quando à porta lhe aparece Leide (Karine Telles) e lhe apresenta Gerson (Gustavo Coelho), o seu filho de 10 anos. “Você é muito bonita pai”, ouve Cassandra. Ambos passam tempo juntos, vão ganhando a confiança um do outro, mas são sempre relações frágeis.
Em cinco episódios (de 30 minutos cada), Manhãs de Setembro, uma ideia original de Miguel de Almeida, realizada por Luis Pinheiro, explora como a cantar Cassandra supera as provações a que é sujeita.
O aspeto andrógeno de Liniker e todas as ambiguidades que pode suscitar adequam-se na perfeição na estreia da cantora e compositora de 25 anos na ficção. Há dois anos, a revista Marie Claire escrevia que esta mulher trans era uma das maiores revelações da música brasileira. Até 2015, poucos conheciam Liniker e Os Caramelows, mas fizeram o EP Cru e alcançaram mais de cinco milhões de visualizações. Assim começou a carreira musical de quem se descreve como cantora “negra, pobre e periférica”, aplaudida pela crítica que a apelidou de “o novo Tim Maia”, pela sua voz grave, por vezes rouca, e intensa.
Manhãs de Setembro > Estreou 25 jun, sex > Amazon Prime Video