LISBOA
1. Tubarões da Atalaia
6 mesas > €8,80/hora
Quem, nos anos 90, frequentava o Bairro Alto, parava invariavelmente no número 62 da Rua da Atalaia, a meio caminho entre o Frágil e o Majong. Atores, músicos, gente do cinema e outros não tanto dados às artes ficavam por ali à conversa, evitando os carros que nessa altura ainda por ali passavam. Paulo Ferreira, 59 anos, continua a distribuir a clientela pelas seis mesas (de oito pés) do Tubarões da Atalaia, negócio em que o sogro decidiu apostar em 1992. Sai de trás do balcão, onde serve cafés, imperiais e outras bebidas, olha para uma ou outra jogada mais arriscada e assoma-se à porta, para tomar pulso à noite de um sábado bastante movimentado. “Antes, isto era um bar aqui, outro lá mais abaixo… Agora é porta sim, porta sim”, observa. Mais velhos, mais novos, portugueses, estrangeiros, homens, mulheres, não tem um cliente-tipo. Mas Paulinho, como é conhecido, sabe os nomes dos habitués que aqui guardam os tacos para quando vêm jogar pool (são 16, expostos numa das paredes e fechados à chave). Às vezes, lá aparece a “malta” de outros tempos e é ver um sorriso tímido na cara de Paulinho. I.B. R. da Atalaia, 62, Lisboa > seg-qui e dom 21h-2h, sex-sáb 21h-3h
2. Snooker Club Lisboa
10 mesas > €13,95/hora (pool), €17,50/hora (snooker)
De pano verde e dimensões generosas, a Star é uma mesa oficial de snooker, daquelas onde se veem jogar os campeões ingleses da modalidade, Ronnie O’Sullivan e Mark Selby. No Snooker Club Lisboa, tem honras de destaque e é das poucas no País onde qualquer pessoa pode jogar. Pela sala distribuem-se mais nove mesas, quatro de pool (9 pés), quatro de pool português (8 pés) e uma mesa de treino de snooker (10 pés). António Almeida fundou esta casa de referência em 1989, um apaixonado pelo snooker e pool que se inspirou nos pubs ingleses. “Na altura, chamava-se Snooker Águia Club porque aqui tinha funcionado a cervejaria Águia d’Ouro”, conta a atual responsável e jogadora federada Adélia Santos, de 39 anos.
Este é um sítio cheio de história e particularidades, local de eleição para quem gosta de jogar de uma forma mais séria, com mesas bem mantidas e conservadas, e sem o burburinho dos bares. “Há regras a cumprir para manter o bom ambiente de jogo, é também por isso que somos conhecidos.” O atual campeão nacional de snooker, Diogo Lourenço, 24 anos, é instrutor e jogador da escola do Snooker Club Lisboa, que também é palco de competições, aliás a equipa da casa é vencedora da Super Taça de Snooker 2024. “O nosso aluno mais novo tem nove anos, mas aprende-se em qualquer idade, temos aqui uma senhora que está a ter aulas porque quer surpreender o marido”, conta Adélia. Às primeiras horas da noite, a sala vai ficando composta de jogadores, dos amadores aos que vêm treinar, e as mesas depressa ficam ocupadas. Aconselha-se, por isso, a reserva, mas pode sempre ficar em lista de espera, não se vai arrepender. Tv. do Salitre, 1, Lisboa > T. 21 347 0502 > ter-dom 16h-2h
3. Zeitnot
5 mesas > €9/hora
É preciso ir atento para dar conta da placa que sinaliza o Zeitnot, pregada na fachada do prédio à altura do segundo andar que ocupa desde 2002. Fica numa rua pouco movimentada do bairro de Alvalade e as portas abrem-se só ao toque de campainha. “Somos o segundo bar de pool em atividade mais antigo de Lisboa, os outros foram fechando. Na altura, achei ridículo um espaço como este num segundo andar, pensei que não ia funcionar”, confessa o proprietário, João Barradas. A verdade é que o negócio segue aberto. O nome vem de uma expressão utilizada no xadrez (também era conhecido por isso), mas o pool prevaleceu, ainda que tenha matraquilhos, jogos de setas e de tabuleiro. Pedro Correia, 19 anos, e um grupo de amigos (rapazes e raparigas) vêm quase todos os dias jogar. “As mesas são boas e o ambiente também”, diz. Noutra mesa, está Vítor Sousa, 34 anos. O “vício” enraizou-se já vão uns anos, hoje é membro da equipa de pool do Zeitnot. Está a treinar Bola 9, mas passa várias horas por semana a aperfeiçoar a técnica. “É um jogo mental, precisa de muita concentração”, diz. R. João Saraiva, 13, 2º, Lisboa > T. 21 849 9298 > dom-qui 18h-2h, sex-sáb, véspera de feriado até 4h
4. Magic Pool Bar
6 mesas > €7 e €9/hora (até às 20h), €9 e €11/hora (depois das 20h)
A meio da tarde, quando abre, são sobretudo jovens que se veem à volta das seis mesas de pool (quatro da variante de pool português e duas de pool americano), embora entre os clientes habituais do Magic Pool Bar haja outras faixas etárias. De taco na mão, em amena cavaqueira, vão jogando sem pressa e podem passar horas entre a zona de jogo e a de bar, onde também se pode pedir um snack ou ver futebol numa das televisões. “Para a maior parte dos clientes é um entretém, vêm com os amigos divertir-se, beber uma cerveja e passar o tempo. O pool foi sempre muito associado aos cafés, era aí que havia mesas e se jogava, mas é preciso deixar cair essa ideia”, diz o proprietário, Ricardo Simões, também responsável pela secção de pool da equipa do Sporting Clube de Portugal. “Isto é um desporto, há uma federação e é um jogo em que é preciso pensar, não é só ter pontaria.” R. Augusto Gil, 30A, Lisboa > T. 21 804 6040 > seg-dom 16h-2h
5. Cocas Place Bar
4 mesas > €10/hora
Nuno Rodrigues abriu o Cocas Bar em 2004, em São Domingos de Benfica, perto do Califa, com dez mesas de pool e computadores com acesso à internet. Nestes vinte anos, foi-se adaptando à vizinhança e, hoje, o bar abre de manhã cedo para começar a servir pequenos-almoços. O jogo mantém-se: quatro mesas de pool, que a partir das dez/onze da noite são ocupadas por jogadores abaixo dos 40 anos. Também tem quatro máquinas de setas e, depois da pandemia, Nuno criou uma zona para jantares e festas de aniversário. I.B. R. Manuel Ferreira de Andrade, 2, Lisboa > T. 92 422 7577 > seg-qui 8h-1h, sex-sáb 9h-2h
PORTO
6. Café Aviz
10 mesas > €5,90/hora (bilhar), €7,50/hora (snooker)
A palavra bilhares continua escrita em néones azuis na fachada do Aviz. Mas quem entra no café histórico do Porto, nascido em 1947, pode não se aperceber da sala de bilhar no piso inferior. É preciso descer as escadas de mármore, já desniveladas pelo tempo, para dar de caras com dez mesas de jogo (oito de bilhar e duas de snooker).
Numa tarde de quinta-feira, três estão ocupadas com amigos de longa data, quase todos reformados. De taco apontado para a bola branca, com o olho semicerrado para ver melhor a posição do buraco na mesa, Carlos Mesquita, 76 anos, desfia memórias: “Toda a vida jogámos. Era no Garça Real, Ceuta, Embaixador, Batalha… corríamos tudo. Agora, na Baixa, só resta o Aviz.” Vencer não está no léxico dos quatro amigos: “Quem ganha é a casa [risos]. O objetivo é conviver e passar um bom bocado. Isto é uma terapia, enquanto estamos aqui não pensamos em mais nada”, atira Arnaldo Carlos, 68 anos.
O seu grupo e o do lado aparecem todas as tardes da semana: “Duas horas depois de almoço e regressamos a casa. Antes da pandemia chegámos a ser 18.” Na mesa de snooker, onde sobressaem as bolas vermelhas, a dupla Ângelo Campeão e Pedro Craveiro, ambos com 60 anos, somam os pontos. Estão empatados com 38. “Somos o Ronnie O’Sullivan do café Aviz”, ironizam os dois amigos aludindo ao campeão britânico da modalidade. “O snooker exige maior paciência, mais estratégia, tem maior dificuldade do que o bilhar. Esta é a nossa fisioterapia”, assumem em uníssono. R. de Aviz, 27, Porto > T. 22 200 4575 > seg-dom 9h-23h30
7. Cervejaria Diu Palace
10 mesas > €5/hora
Apesar de reformado, Francisco Mendes, 83 anos, continua a ser a estrela do salão de jogos na cave da cervejaria Diu, do qual toma conta vai para 46 anos. E, entre os adeptos do bilhar, não há quem não se lembre do decano. É o caso de Márcio Meireles, 45 anos, que aproveitou o intervalo da hora do almoço para vir “dar umas tacadas” com o amigo, Pedro Cardoso, 50 anos. “Era estudante aqui no [liceu] Carolina Michaëlis e já o sr. Mendes tinha esta função”, recorda Márcio. A dupla vem jogar duas vezes por semana, enquanto forra o estômago com um prego no pão. “O bilhar alivia muito o stresse. A ideia é esquecer o dia a dia”, afirmam. Márcio e Pedro são os dois únicos jogadores na sala, mas Francisco Mendes recorda-se bem dos tempos em que “às oito da manhã já havia estudantes a querer jogar bilhar. Iam comer qualquer coisa ao piso de cima e deixavam o contador ligado para não perderem o lugar. A hora custava dois escudos e isto estava sempre cheio de gente”, conta. R. da Boavista, 663, Porto > T. 22 201 1680 > seg-qui 12h-24h, sex-sáb 12h-1h
8. Cufra Bilhares
5 mesas > €6/hora
Vem de longe a sala de bilhares deste café-restaurante com mil metros quadrados, aberto em 1977 a poucos metros da Rotunda da Boavista. Chegou a ser “um dos salões de jogos mais badalados da cidade” com 15 mesas (hoje são apenas cinco), recorda António Pereira, atual proprietário, que herdou a casa do pai. Apesar de estar aberto durante a semana, é sobretudo aos sábados que o Cufra Bilhares recebe mais adeptos e grupos de amigos, que, entre uma francesinha e uma cerveja, ali passam o tempo. Av. da Boavista, 294, Porto > T. 22 609 8288 > seg-sáb 7h30-22h30
Onde aprender
Aqui há aulas de snooker e bilhar às três tabelas
Academia de Bilhar de Lisboa – Bola Branca Com sede na Casa do Concelho de Tomar, dá formação de nível 1 na variante de bilhar às três tabelas/carambola, com aulas individuais a alunos de qualquer idade desde que tenham no mínimo 1,50 m de altura. A formação é de três meses, com uma aula por semana, teste escrito e prático. Fora das aulas, os formandos podem jogar as horas que quiserem. Casa do Concelho de Tomar > R. Flores do Lima, 8, Lisboa > T. 91 199 0539 > €40/mês
Free Ball Snooker Nasceu no Porto, em 2016, com o objetivo de “contribuir para o crescimento do snooker em Portugal”. As aulas são dadas por António Couto, 71 anos, treinador de snooker formado pela britânica World Snooker (WPBSA), e obrigam sempre a uma avaliação prévia. R. Honório de Lima, 338, Porto > T. 96 908 1650 > a partir €64 (4 aulas), em grupo a partir €29 (4 aulas)
Cue Action Curiosos de todas as idades e atletas federados já passaram pelas mãos de Nelson Batista, 40 anos, treinador certificado que também já entrou em competições e dá aulas de diferentes variantes de bilhar há mais de 15 anos. Estrada A-da-Maia, 47A, Lisboa > T. 91 965 0408 > a partir de €15/aula