Hugo Dias sabe do que fala quando refere as 300 bicicletas a circular diariamente pela ciclovia, que atravessa o Parque Ribeirinho Oriente. Foi aqui que abriu, no final de 2020, a Rise Bike Shop, uma das primeiras lojas do Prata Riverside Village, o conjunto de edifícios assinado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, na zona do Braço de Prata, em Marvila. A loja e oficina de bicicletas vende, aluga (€10/2h) e repara os velocípedes, além de promover passeios (o próximo será no Dia do Pai, a 19 de março). A zona está pensada à imagem de um bairro tradicional, com habitação e comércio, e quem por aqui passeia tem o Tejo sempre à vista e uma frente verde com 600 metros.
Panorâmica privilegiada para os dois bares em contentores marítimos, o Brutto e o Lamiré, para fazer piqueniques, descansar nas espreguiçadeiras ou levar as crianças a um dos dois parques infantis. “Não há muitos sítios como este em Lisboa, sem trânsito, onde as pessoas podem circular à vontade. Aqui, a hora de ponta é quando temos uma pessoa a correr e outra a andar de bicicleta”, brinca Luís Gamboa, diretor operacional da Vic Properties, que gere o Prata Riverside Village.
Por agora, estão ocupadas cerca de 46 lojas, mas até 2026, quando todos os edifícios estiverem construídos, serão cerca de 120. “Em breve, abrirão o restaurante japonês Subenshi, uma clínica de estética e a loja da marca de mobiliário brasileiro Sierra”, adianta.
Ao ritmo do Oriente
Virado para o rio, o Delta The Coffee House Experience é poiso matutino de muitos clientes. O café é extraído de várias formas, como cold brew ou em balão, a partir de diferentes lotes, torrados na loja e prontos a serem levados para casa. Nas comidas, apresenta sugestões do pequeno-almoço ao lanche, dos muito apreciados ovos Benedict às tibornas. Ao lado, o restaurante Rio de Prata, gerido por Bernardo Ventura, tem esplanada e sala interior, onde se destaca uma instalação de Valentim Quaresma. Para almoçar ou jantar, servem pastéis de bacalhau estaladiços, croquetes de enchidos ou uma lascada de novilho com pistácio, queijo da ilha e rúcula e, de seguida, um arroz do mar ou uma bochecha de atum, com puré de batata, caldo shimeji e cogumelos shitake. No final de março, entra uma nova carta e os petiscos passam a estar disponíveis também à tarde.
Na restauração, conte-se ainda com o Prata Café, com fabrico próprio de pastelaria, incluindo criações de inspiração francesa, e o Cozinha da Prata de Luís Pinto, “um restaurante tradicional, simples e honesto”, onde há posta de vitela mirandesa ou fígados de vitela à transmontana. A zona tem atraído novos negócios, entre eles a Mercearia da Prata, de Albertina Martins, onde se encontra pão fresco, todos os dias, uma boa garrafa de vinho, flores do dia ou uma sericaia. “No início, pensei numa épicerie fine, mas, à medida que o bairro foi crescendo, percebi que tinha de ser mais do que isso. Havia procura de produtos frescos, como fruta e legumes, os clientes queriam abastecer-se de tudo como fazem numa mercearia tradicional”, conta Albertina.
Do outro lado da rua, está o projeto de design de interiores de Carla Zuzarte, vindo de Paços de Ferreira. A loja e showroom funciona em parceria com Filipe Gonçalves e assina alguns apartamentos do empreendimento. Não muito longe dali fica a Eliteline, também de decoração. Já Vera Deodato e Maria Eduarda Galinha abriram o Plenum, um estúdio de Pilates com aulas individuais ou de grupo, com ou sem máquinas.
Espaço às artes
No parque de estacionamento do Prata Riverside Village, há Mercado P’la Arte, no primeiro sábado de cada mês, promovido pela Plataforma P’la Arte e pela VIC Properties. A ideia surgiu durante a pandemia, proporcionando aos artistas um lugar para exporem e venderem os trabalhos, sem intermediários nem comissões, assim como uma área de trabalho. O próximo será dedicado à moda e terá lugar nos dias 2 e 3 de março. “Como havia muito interesse no trabalho dos designers, propusemos a abertura de uma loja pop-up com moda de autor, que abrirá muito em breve e contará com cerca de 20 designers, entre os quais Nuno Baltazar, Dino Alves, Filipe Faísca e Alexandra Moura”, conta Valentim Quaresma, que se mudou para um dos dois ateliers existentes no Prata. Por estes dias, o designer de moda e joalheiro encontra-se a trabalhar na coleção, feita a partir da manipulação têxtil de tecidos e de materiais antigos, que apresentará na ModaLisboa, já no início de março.
Na mesma rua, o pintor e galerista Luís Pintão abriu a 28 Art Gallery, que funciona também como atelier. Nas paredes, podem ver-se alguns dos seus trabalhos e também de novos artistas. A próxima exposição inaugura-se em março, com obras de Luís feitas a partir de técnicas como a encáustica (utiliza cera como aglutinante dos pigmentos), carvão e grafite. Em abril, a galeria fará parte da programação da 2ª Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa.
Na loja pop-up da Cumeira, Catarina Fazenda dá destaque à cerâmica, mas também ali há têxteis, com uma série de objetos desenhados por si e fabricados por artesãos e pequenas oficinas. “Quis recuperar as nossas tradições à mesa e modernizá-las”, diz, enquanto nos mostra algumas das peças. Dos pratos da linha Chita às velas torcidas, todos com uma forma decorativa e utilitária.
A curta distância, a Escola de Arte Floral do Prata forma novos profissionais com apoio social. “Um projeto único”, defende Tatiana Vieira, mentora do projeto e fundadora da Escola de Arte Floral de Lisboa e da loja A Florista (ambos no Parque das Nações). “Os cursos são muito abrangentes, ensinam desde as técnicas básicas ao desenvolvimento de um negócio. São pagos consoante os rendimentos de cada um e têm certificação”, diz a empreendedora brasileira formada em Design Floral. Além dos três módulos do curso, também promovem workshops. “É bom para soltar as mãos, passar bons momentos e conectar-se consigo. Não há como não sair feliz daqui”, garante.
Rua a rua: Entre restaurantes e lojas, o passeio faz-se a pé
Cozinha da Prata > Av. Infante Dom Henrique, Lt. 1, Bloco D, Lj. 6 > T. 21 826 2244 > seg-dom 12h-15h, seg, qua-sáb 19h-22h
Escola de Arte Floral do Prata > R. D, Lt. 2, Bloco C, Lj. 6 > T. 93 664 7261
28 Art Gallery > R. C aos Jardins Braço de Prata, Lt. 1, Bloco B, Lj. 3 > T. 91 974 0621 > ter-sáb 14h-19h
Eliteline > Av. Infante D. Henrique, Urbanização Jardins Braço de Prata, Lt. 1, Lj. 10 > T. 21 898 3017 > seg-sex 9h-13h, 14h-18h
Ateliers P’la Arte > R. C aos Jardins Braço de Prata, Lt. 1, Bloco A , Lj. 2 (Catarina Mendonça) > seg-sex 10h-19h > R. C aos Jardins Braço de Prata, Lt. 1, Bloco B , Lj. 4 (Valentim Quaresma)
Cumeira > R. C, aos Jardins do Braço de Prata, Lt. 2, Bloco F, Lj. 15 > T. 96 989 4597 > seg-sex 15h-18h30
Plenum Studio > R. A ao Braço de Prata, Lt. 2, Bloco B, Lj. 3 > T. 93 068 5545 > seg-sex 7h30-20h30
Mercado P’la Arte > Parque de Estacionamento, Prata Riverside Village > 1.º sáb de cada mês, 14h-20h
Prata Café > R. E aos Jardins Braço de Prata, Lt. 7, Bloco C, Lj. 3 > T. 21 822 7655 > ter-dom 8h-20h
Carla Zuzarte > R. F projetada à Rua Fernando Palha, Lt. 7, Bloco B, Lj. 2 > T. 21 868 0150 > ter-sáb 10h-13h, 14h-19h
Mercearia da Prata > R. F à Rua Fernando Palha, Lt. 8, Bloco C, Lj. 4 > T. 92 413 9129 > seg-sáb 9h-20h
Delta The Coffee House Experience > R. da Cintura do Porto de Lisboa, Lt. 8, Bloco A, Lj. 1 > T. 21 822 9942 > seg-dom 8h-20h
Rio de Prata > R. F aos Jardins Braço de Prata, Lt. 8, Bloco A, Lj. 6 > T. 21 868 1080 > ter-sáb 12h30-15h, 19h-23h
Rise Bike Shop > R. F à Rua Fernando Palha, Lt. 7, Bloco A, Lj. 1 > T. 21 050 5757 > seg-sex 10h-13h, 15h-19h, sáb 9h-13h, 14h-17h, dom 9h-13h