
Em 1847, Miguel Buttuller fundou uma chapelaria na Calçadinha do Tijolo, quando Alfama ainda atraía muita gente pelas suas fontes de águas mineromedicinais. Ele era de origem alemã e vamos lembrarmo-nos disso no fim destas linhas.
Décadas mais tarde, já no início da República, a viúva do seu filho José mantinha as oficinas em Alfama mas abriria uma loja perto do Rossio, logo a seguir à igreja de S. Domingos. A Casa Buttuller estaria ali mais central, com as suas duas pequenas montras a chamarem a atenção para os bonés à militar e as dragonas de metal amarelo que Maria dos Anjos decidira começar a vender com o dealbar da Primeira Guerra Mundial. Era uma casa “única” quando as palavras “país” e “paisana” se escreviam com zê e nos anúncios de jornal se participava aos excelentíssimos freguezes e ao exército que acabara de chegar uma remessa de cantis e espadas para todas as armas.
Cem anos depois, para lá da porta do número 37 da Rua Barros Queirós continua a haver de tudo o que cheira a militar. E, pasme-se, qualquer pessoa pode comprar quase tudo – é apenas pedida a identificação no caso de material da GNR, PSP e serviços prisionais. Mas o espanto maior (o susto) é ali encontrarmos emblemas com a cruz suástica. A culpa, dizem-nos, é dos colecionadores. Nada a ver com o primeiro Buttuller desta história, e assim caem por terra as ideias feitas.