
Na recuperação do Palácio do Bolhão, “a grande preocupação foi não tocar na decoração original”, conta o arquiteto José Gigante
Rui Duarte Silva
Mais de dez anos para devolver ao Porto o Palácio do Bolhão. “Foi uma obra de Santa Engrácia”, conta Pedro Aparício, da direção da Escola de Artes e do Teatro do Bolhão, a quem foi entregue o edifício. Segundo José Gigante, arquiteto responsável pela obra, “a grande preocupação foi não tocar na decoração original”. Isso foi possível com a construção de um edifício anexo, a contrastar com os salões do palácio. Tanto Pedro Aparício como José Gigante farão as visitas comentadas, durante as quais se contarão estas e muitas outras histórias.
É este contacto com quem conhece os projetos arquitetónicos que constitui uma das mais-valias do Open House, um roteiro de visitas gratuitas que pretende valorizar a arquitetura de excelência. Em 2015, o Porto integrou pela primeira vez a Open House Family e mais de 11 mil visitantes percorreram os 42 sítios então escolhidos. Este ano, foram selecionados 51 locais pelos comissários Jorge Figueira e Carlos Machado e Moura. Aumentaram ainda as visitas comentadas, que contarão com a ajuda de 62 especialistas (sempre que possível, os próprios autores dos projetos). No Porto, em Matosinhos e em Vila Nova de Gaia, haverá 160 voluntários a acompanhar as visitas que, na sua maioria, não necessitam de marcação prévia, funcionando as entradas por ordem de chegada. “Queremos levar a arquitetura para além do círculo mais restrito de profissionais que com ela lidam todos os dias”, diz Nuno Sampaio, diretor da Casa da Arquitetura, produtora do programa, juntamente com a Trienal de Arquitetura de Lisboa.

O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, por enquanto interdito ao público, estará aberto a visitas. Uma delas será conduzida pelo arquiteto do projeto, Luís Pedro Silva
Lucília Monteiro
Entre as prioridades definidas, está a “revisão dos monumentos contemporâneos que levaram ao reconhecimento internacional da Escola de Arquitetura do Porto como a piscina de Leça”, defende Jorge Figueira. Quis ainda realçar “a beleza e o caráter inovador da engenharia do Porto” (é o caso do laboratório de Edgar Cardoso), focar a habitação social (com visitas ao Bairros do Lagarteiro e de Lordelo do Ouro), além de “homenagear o Porto eclético do início do século XX, com obras que mostram como a cidade se preparou para esses tempos com uma arquitetura refinada, complexa e robusta” (como o Teatro Nacional São João, no Porto, ou a Casa Barbot, em Vila Nova de Gaia). As portas estão abertas.
Esta edição da Open House Porto terá algumas novidades, como subidas de balão de ar quente, ações de desenho desenvolvidas por alunos da Faculdade de Arquitetura nos locais onde se esperam maiores filas de espera e áreas preparadas para receber pessoas com mobilidade condicionada.
Open House Porto > Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia > 18-19 jun, sáb-dom