1. Noticiar a Liberdade
Vários autores
Foi na comunicação social que primeiro se fizeram sentir os efeitos da libertação do País iniciada com o 25 de Abril de 1974. Num ápice, acabou a censura, os jornalistas puderam falar sem amarras e dizer o que estava a acontecer: um regime a cair, uma revolução em curso e muita poesia (e gente) na rua. Este livro reúne testemunhos de duas dezenas de jornalistas que estavam a trabalhar na noite de 24 de abril e nos longos dias que se seguiram. Noticiaram a liberdade e cobriram os principais acontecimentos, da leitura dos comunicados do MFA à libertação dos presos, dos momentos críticos do golpe militar à vivência nas redações. Uma iniciativa do Clube de Jornalistas e da Casa de Imprensa. L.R.D. Imprensa Nacional, 144 págs., €15
2. O General que Começou o 25 de Abril Dois Meses Antes
João Céu e Silva
“Antecipação”, “antecâmara”, “primeira revolução”. São muitas as formas como o livro Portugal e o Futuro, do general António de Spínola, é apresentado por quem esteve envolvido no seu lançamento, a 22 de fevereiro de 1974, ou o leu avidamente nas semanas finais do regime. Há, até, quem lhe chame “bomba” que fez implodir o governo de Marcello Caetano, obrigando a fidelidades que incentivaram os revoltosos e mostrando o beco para onde se caminhava. Recorrendo a várias entrevistas, o jornalista João Céu e Silva reconstitui os bastidores deste livro marcante e as suas principais consequências, nomeadamente o golpe falhado das Caldas, a 16 de março, e a Revolução dos Cravos. Num certo sentido, é também uma biografia de António de Spínola, figura suficientemente controversa para tornar o relato ainda mais interessante. Para se perceber o que levou uma alta figura do regime a afirmar que “a vitória exclusivamente militar [na Guerra Colonial] é inviável”, recorda-se o seu percurso e a insatisfação dos militares. L.R.D. Contraponto, 312 págs., €18,80
3. A Transformação nos “Media”
Mário Mesquita
Reunindo textos de várias épocas (alguns inéditos), este livro funciona como uma boa herança do trabalho de Mário Mesquita (que morreu, subitamente, em maio de 2022, aos 72 anos) como analista e estudioso da história dos média. O autor tinha um ponto de vista privilegiado: como jornalista, foi parte integrante da vida quotidiana da imprensa antes e depois do 25 de Abril. Anos mais tarde, sobretudo depois de ter estudado na Universidade Católica de Lovaina, Bélgica, tornou-se uma figura central na afirmação em Portugal dos estudos superiores sobre comunicação e jornalismo. Estas páginas abrem, aos seus leitores, uma ampla janela sobre os média portugueses, com destaque para os anos loucos de 1974/75, e um dos capítulos sublinha o impacto do 25 de Abril na imprensa francófona. P.D.A. Tinta-da-China, 376 págs., €23,90
4. Media e Jornalismo em Tempos de Ditadura
Pedro Marques Gomes e Suzana Cavaco (coord.)
Histórias de “censura, repressão e resistência”, a partir de vários casos e ângulos, no espaço ibérico durante as ditaduras do século XX. Este volume reúne textos de 11 estudiosos e académicos portugueses e espanhóis, cada um com um tema muito específico. Alberto Arons de Carvalho, por exemplo, esmiúça a “censura prévia” nos tempos de Salazar e Marcelo Caetano e Francisco Rui Cádima centra-se na RTP sob o ângulo da propaganda e da censura. Pedro Marques Gomes dedica-se aos “jornais clandestinos socialistas na oposição ao Estado Novo”. Menos abordado em Portugal, e aqui presente, é o contexto do jornalismo espanhol durante o franquismo. O último texto transporta-nos para a Argentina, recordando o jornalista Rodolfo Walsh, assassinado em 1977. P.D.A. Âncora, 264 págs., €18