Todas as listas são complicadas, sobretudo quando são elaboradas sob adjetivos ambiciosos. Isso mesmo diz José Mário Silva, poeta e crítico do Expresso, que assume ser esta uma escolha pessoal com critérios simples: um poema por autor, encontrado entre 1917 e 2017, despreocupação com parâmetros cronológicos, vontade de chegar a todos os leitores, sobretudo os que não têm o hábito de ler poesia.
Os Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos Cem Anos (Companhia das Letras, 192 págs., €17,50) estão divididos por Retratos, Relatos, Desacatos e Hiatos, e rematados com um índice remissivo. A abrir, estão Camilo Pessanha, Sophia e Ruy Belo, a fechar lemos Miguel Cardoso e Vasco Gato, passando por O’Neill, os heterónimos de Fernando Pessoa, ou novíssimos consensuais como Golgona Anghel, Matilde Campilho ou Miguel-Manso. Mas todas as gerações, correntes e ideologias poéticas estão representadas – prova do gosto eclético do organizador.