Foi com A Palavra Perdida que Inês Fonseca Santos se estreou, no ano passado, na escrita para a infância. Um livro sobre palavras, que inaugurou também a coleção infanto-juvenil da editora Arranha-Céus e que agora recebeu o prémio para melhor publicação nessa categoria, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. Dedicada ao seu filho Manuel e ao escritor Manuel António Pina, Inês Fonseca Santos conta-nos uma história que nos leva atrás de um menino que perdeu uma palavra mas não sabe bem qual. Não foi o seu nome, nem o dos primos, isso garante, contente. Com a ajuda das ilustrações de Marta Madureira, vamos perdidos como aquela palavra numa busca que nos faz descobrir letras, sentidos, significados, linguagem, o mundo em redor. De palavra em palavra, vamos confirmando a importância de as frases não se “incompletarem” e de não parecerem “cadernetas sem cromos”, como diz o Manuel desta história. Como ele, vamos querendo ter bolsos fundos para andarmos pela rua com as nossas palavras. “Há quem prefira trazer nos bolsos as chaves de casa. Acho que essas são as pessoas que tentam descobrir se as portas são o lugar onde as casas começam ou o lugar onde elas acabam (…). A mim, as chaves não me fazem falta: a minha casa está sempre aberta e não tem princípio nem fim. É redonda e eterna. Como o tempo.”
É um jogo, sim, este livro, cheio de palavras – e lá nos diz o Manuel: “Cabem todas nos meus bolsos. Porque eu sou pequeno, mas os meus bolsos são fundos”. Ou, por outras palavras, este livro é um poema em forma de texto e desenho, para nos despertar a imaginação.
A Palavra Perdida > De Inês Fonseca Santos e Marta Madureira > Arranha-Céus Editora > 38 págs. > €13