As primeiras palavras vão para a capa (e enquanto houver discos ela continuará a ser porta de entrada no mundo dos músicos): uma belíssima ilustração de José Feitor que mostra um mundo onde a presença humana é discreta, só indiciada por pequenos elementos – uma luz que brilha, um barco lento. Há pontes entre o imaginário da capa e as onze canções deste Slow. Parece uma paisagem dos Estados Unidos ou do Canadá, e a música de Minta enquadra-se facilmente num certo renascimento da folk americana que tem marcado este século. Há também alguma melancolia naquele céu cinzento e na neve no cume das montanhas… E todas as vozes que aqui ouvimos – a da própria Minta (Francisca Cortesão), Margarida Campelo e Mariana Ricardo – têm um grão dessa mesma melancolia, pontuada muitas vezes pelas palavras que cantam. Os Minta & the Brook Trout têm novidades na sua formação. Uma delas, a entrada do músico Bruno Pernadas (que em 2014 assinou um notável disco de estreia), nota-se bem, em acordes arrastados de guitarra elétrica, no enriquecimento de todo este imaginário cada vez mais bem definido. O Slow do título também diz respeito à lentidão com que este disco foi feito. Ouve-se e agradece-se a demora.
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