1. Bergue
Uma questão de sustentabilidade
Trabalhadas à mão com materiais sustentáveis, como prata e ouro reciclados, e diamantes (sempre que possível) criados em laboratório, as joias da Bergue exibem um estilo minimalista com um toque dos países do Sul, o lado mais romântico. “A minha mãe é belga, eu sou franco-portuguesa, e estamos em Portugal há mais de 20 anos. A marca é a mistura dessas culturas”, diz Mathilde Bergue, que se juntou, há cinco anos, ao projeto fundado, em 2006, pela mãe, Anne.
Na nova loja no Chiado, a estrutura central, feita de vidro e de ferro, permite ver os pedidos a ganhar forma, seja num workshop de alianças de casamento seja nas peças feitas à medida através de um processo de fundição por cera. “Apostamos no atendimento personalizado e especializado, diferente do que acontece na primeira loja, na LX Factory, onde se faz a maior parte da produção”, explica Mathilde.
A última coleção chama-se The Chain (corrente): os brincos, por exemplo, encaixam uns nos outros, e os colares podem ser misturados, permitindo combinar cores, aumentar ou diminuir o tamanho (a partir de €28). “São leves, fáceis de usar, mas com muito impacto, além de serem intemporais e sem género, o que é importante para nós. Nem sempre foi assim, mas era aqui que queríamos chegar”, afirma Mathilde. A nova loja trouxe outras novidades, como as pulseiras permanentes. “É uma tendência, julgo que somos os primeiros a ter estas correntes finas, que não se podem tirar, a não ser que se cortem.” R. Rodrigues Faria, 103, Ed. J, piso 0, Lisboa > T. 92 548 7932 > seg-dom 12h-19h > R. Paiva de Andrade, 3, Lisboa > T. 93 846 7869 > seg-dom 12h-19h > berguejewelry.com
2. Esquivel Jewellery
Da arquitetura para o corpo
A arquitetura está na génese das joias da Esquivel Jewellery. Inspirada por edifícios icónicos de todo o mundo, parte para a criação de objetos “usáveis” e “vestíveis”, diz Sofia Esquivel, com uma boa dose de geometria e sem olhar ao género. A marca é uma junção de várias experiências de vida e aproximação a diferentes manualidades, muitas das quais adquiridas nos anos de trabalho em Londres, cidade para onde se mudou em 2015. Arquiteta de formação-base, aprendeu joalharia em Inglaterra e, em jeito de passatempo, criou, há vários anos, a página de Instagram @esquivel.jewellery. “Trabalhava num coletivo de artistas e de designers e comecei a usar todas as ferramentas do meu trabalho para desenhar as peças, como se fossem edifícios”, conta. Em meados de 2022, e já em Portugal, a marca tornou-se oficial.
Todas as joias são em prata ou em prata com banho de ouro, algumas com safiras incrustadas. Há peças estanques de coleções passadas, outras feitas à medida, como, por exemplo, um alfinete de gravata, inspirado no Panteão de Roma, e um pin feito com base na Casa das Histórias Paula Rego, obra de Eduardo Souto de Moura. Nos próximos meses, lança uma nova coleção, com pulseiras, brincos, colares, anéis de mindinho, baseada em arquitetura art déco – “inspirei-me no Chrysler Building, em Nova Iorque, e em vários edifícios de Miami”, exemplifica – e que será ainda mais escultórica, garante. “Introduzi processos de design e de prototipagem mais tecnológicos e ainda mais vinculados ao processo de desenhar um edifício, com o uso de maquetes em impressão 3D.” A Esquivel Jewellery vende-se online, com peças que começam nos €75, e em algumas lojas selecionadas. À venda em esquiveljewellery.com
3. Beatriz Jardinha
Liberdade criativa
Beatriz Jardinha gosta de usar símbolos, referências religiosas e mitológicas, estrelas e planetas nas peças que desenha, refletindo o seu percurso profissional, o seu gosto pelo artesanato e as suas influências, também. Na verdade, a joalharia apareceu por acaso na vida de Beatriz. Autodidata, foi aprendendo técnicas e processos de trabalho em ouro e prata, em vários pontos do mundo onde viveu, como a Índia e o Peru, “um país em que as pessoas têm um gosto particular em se enfeitar”, conta Beatriz, de 32 anos. Foi só depois de ter sido convidada pelo designer João Magalhães para desenhar algumas peças para um desfile da ModaLisboa que começaram a pedir-lhe joias para editoriais de moda e a aparecer clientes.
“Aprendi de forma livre e solta, é assim que defino o meu trabalho, fator que é também diferenciador. Afasto-me um pouco dos conceitos de joalharia, de peça, acabamentos, regras de produção; assumo um papel mais criativo e experimental.” A coleção The Invisible World, dividida em duas partes, foi pensada de forma orgânica. As peças – colares, anéis, brincos, em prata banhada a ouro de 24k, com pedras naturais e pérolas (a partir de €120) – “estão muito ligadas entre si e passei a vê-las como tal”, explica a designer. À venda em beatrizjardinha.com
4. Raquel Poço Jewellery
Apostar na intemporalidade
As flores da primavera deram o mote para a última coleção da marca Raquel Poço Jewellery. Chama-se (R)começo e, explica a própria, “rega o que já é a sua assinatura, dando-lhe espaço para crescer e florescer, ganhando novas ramificações”. Traz pedras coloridas, a perfeição na imperfeição das peças manuais, silhuetas delicadas e algumas novidades, como a introdução de pérolas e de ganchos para o cabelo. A marca não é nova e tem trilhado um caminho sólido na joalharia de autor. Raquel Poço estudou Fisioterapia, trabalhou como professora de Pilates e, em 2017, experimentou fazer um curso de joalharia, que lhe mudou o ofício.
No verão de 2021, a marca instalou-se numa loja na zona da Estefânia, local que divide com a marca BYOU, onde está montado também um pequeno espaço de criação. As peças são sempre feitas em prata 925 ou em prata 925 com banho de ouro 24k, apostam na intemporalidade das formas e têm por base algumas inspirações das artes tradicionais portuguesas, como a cerâmica, a cestaria e a tecelagem. Neste (R)começo, há colares, brincos, anéis, pulseiras (os preços começam nos €20), todos com nomes de flores e outras plantas, numa campanha feita a meias com o design floral da marca Bosque, com quem casa numa ideia: não há duas peças iguais. R. Gonçalves Crespo, 52, Lisboa > T. 96 657 4362 > seg-sex 12h-19h, sáb 10h-13h > raquelpoçojewellery.com
5. Tânia Gil Jewelry
Ode à Natureza
Natural de Porto Covo, Tânia Gil inspira-se na Natureza para as suas criações. Na infância, junto com as irmãs, apanhava conchas que transformava em colares, gosto que seguiu consigo durante a adolescência. Primeiro, estudou design de equipamento no IADE e só depois na escola de joalharia Contacto Direto. A marca, fundou-a há 15 anos, e o atelier, em Lisboa, abriu-o há dez. “As minhas joias são um pouco do que sou, das viagens, das fotografias que tiro e das recolhas que faço, do meu fascínio pelo fundo do mar. Gosto de mergulhar, de ver as cores e texturas, e isso reflete-se na minha visão.” Tânia não segue o calendário das estações, porque, defende, isso é frustrar o trabalho do criador. “Quando temos ideias, devemos pô-las em prática.”
A nova coleção, Nature’s (im)Perfeições, “é muito especial, convida a pensar”, diz. “As rugas, por exemplo, são sinal de experiência e não um defeito. Daí estas peças estarem ligadas à beleza da imperfeição.” Feitos em prata, material que prefere pela plasticidade, os colares, anéis, brincos e pulseiras foram desenvolvidos com base na textura da raiz interna de um cato, que Tânia explora em diferentes escalas e formas, em contraste com partes lisas, assimetrias e articulados. Esta é ainda a primeira coleção sem género. “São peças a pensar também nos homens; desde o início que tenho grande procura e já era merecido este cuidado.” Tv. dos Mastros, 1, Lisboa > T. 96 640 4202 > seg-sáb 11h-19h > taniagil.com
6. Trinco
O poder das safiras
“O preço de uma safira é determinado por vários fatores, como o corte, o tamanho e a claridade”, explica o fundador da Trinco, Francisco Leitão, 28 anos. Encantou-se pelo mundo das pedras preciosas quando trabalhava numa multinacional no Sri Lanka, país conhecido pela diversidade de safiras, durante uma visita a uma loja-oficina familiar, em que entrou para comprar um presente. Desse encontro surgiu uma amizade e, quando chegou a hora de voltar a Portugal, Francisco trouxe na mala algumas safiras para mostrar aos amigos. “Sempre tive algum ímpeto criativo, mas nunca quis forçar o crescimento de ideia.”
Em Lisboa, o sucesso das pedras levou-o a reconsiderar e, no final de 2022, fazia nascer a nova marca de joalharia. “Provocadora, mais moderna e com um lado clássico”, resume. Tem colares, brincos e anéis, todos com pedras, em prata, prata dourada ou ouro, a partir de €110. São sempre unissexo, feitos peça a peça, na mesma oficina do Sri Lanka, mas agora desenhados pelo próprio Francisco, que vende as peças online e na loja House of Curated. Diz que a marca vive de um certo contraste, espelho da sua personalidade, e aposta numa comunicação “excêntrica, com um design tradicional, sem cair no banal”. Na última campanha para o Dia da Mãe, por exemplo, fotografou uma galinha com os seus colares e brincos – a mensagem é clara: mãe-galinha. Continua a trabalhar em marketing e a ter na Trinco um hobby. “Uso essa falta de formação para manter a marca autêntica”, diz. E bem bonita. À venda em trinco-studio.com
7. Mater Jewellery Tales
Inspirada na História
A primeira coleção da marca Mater, criada por Sara Coutinho em 2015, levou o nome Tube: anéis, brincos e colares, com pequeninos tubos a representar a ideia de que, “quando um ciclo se fecha, se criam novos ciclos”. “Tinha um caráter emotivo”, assume a joalheira – formada em Design de Produto e com um mestrado em joalharia –, que deixava mais de uma década de trabalho na indústria de ourivesaria e de decoração de luxo para se lançar por conta própria.
Sara, 44 anos, gosta de criar “objetos usáveis”, inspirados naquilo que a rodeia e sobretudo na arquitetura. “A ideia é misturar um bocadinho da História do Porto ou de Portugal com a minha sensibilidade.” Na última coleção, Escamas, inspirou–se “na parte superior dos edifícios antigos do Porto, na cobertura em ardósia, que faz um movimento de escamas”. Camélias, Calçada, Douro ou Leixões são outros exemplos dessa ligação à cidade (em ouro, prata, pedras naturais ou preciosas) e às linhas geométricas, que podem ser encontrados na loja da Rua do Bonjardim, ateliê que divide com o prateiro e cinzelador Miguel Gomes.
A próxima coleção, Labirinto, é inspirada em Michelangelo Pistoletto, mas, em breve, Sara quer trabalhar a filigrana com o olhar contemporâneo que carateriza a Mater. F.A. Bonjardim Jewelry > R. do Bonjardim, 526, Porto > T. 22 406 5132 > seg-sáb 10h-19h > mater-jewellery.com