São 15h30 de um dia de semana. Milu, como é conhecida Maria de Lurdes Borralho, a pasteleira de 52 anos, dona da receita de bolo-rei da Flor de Aveiro – este ano, premiado com a distinção máxima no 10º Concurso Nacional de Bolo-Rei Tradicional Português –. já perdeu a conta às fornadas desde que ali chegou, eram quatro e meia da manhã. “Desde novembro, tem sido uma loucura”, diz-nos. De corpo magro mas ágil, é ela quem põe as mãos na massa de um dos bolos premiados desta padaria e pastelaria que gere, há mais de 20 anos, com o sócio, fundador e também ele pasteleiro, Pedro Serrão, 46 anos.
“A receita anda comigo desde os 14 anos”, conta-nos Milu, enquanto prepara os ingredientes para uma nova fornada de 100 quilos entre bolo-rei e bolo-rainha (outro premiado, no mesmo concurso, com a Medalha de Ouro, juntamente com o bolo escangalhado). O segredo? “Julgo que será por ser uma receita tradicional muita rica, tanto na escolha dos ingredientes como na quantidade de frutos secos e de frutas cristalizadas. Talvez seja esse!”, acredita.
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A massa leva os ingredientes de um bolo tradicional. Na batedeira, entram primeiro os secos: massa mãe, farinha de trigo e margarina, que serão batidos lentamente. Só depois se adicionam os líquidos: ovos, leite morno, vinho do Porto com aguardente e, mais tarde, raspas de limão e de cidrão (citrino). Já com a massa bem batida, juntam-se os frutos secos (pinhão, amêndoa transmontana, avelã) e pedacinhos de frutas cristalizadas (pera, cidrão e casca de laranja). “É tudo nacional e selecionado com cuidado”, afirma a pasteleira, enquanto despeja cerca de 20 quilos de milhares de pedacinhos para dentro da batedeira.
“Consegue ouvir este barulhinho? Quando se escutam estes estalinhos na massa, é sinal que ela está no ponto”, explica-nos. Já em cima da banca de mármore enfarinhada, moldam-se bolas com cerca de um quilo que ganham a forma de bolo-rei, assim que Milu lhes fizer um buraco com o cotovelo. Moldado o aspeto redondo, e antes de ficar umas horas a levedar, pincela-se com gema de ovo, “para ficar brilhante”, e decora-se com mais frutas cristalizadas. Milu gosta de colocá-las de forma harmoniosa, divididas por cores: abóbora vermelha e verde, pera, tangerina cortada a meio, laranja, figo e cereja. O remate final são as nozes e a amêndoa palitada. Depois de a massa descansar umas horas, vai ao forno a cozer durante 20 a 30 minutos.
Até fevereiro,”enquanto o tempo estiver frio”, Milu e Pedro Serrão contam continuar a fazer bolo-rei. Para a mesa de Natal, já será difícil conseguir comprar este bolo-rei tradicional, considerado o “Melhor dos Melhores” no concurso promovido pelo CNEMA (Centro Nacional de Exposições, em Santarém), em conjunto com a Qualifica/oriGIn Portugal, pois as encomendas estão quase fechadas. Mas há de sempre encontrá-lo a tempo de celebrar a noite de Ano Novo ou o Dia de Reis.
Além dos bolos tradicionais de Natal, a Flor de Aveiro possui uma oferta grande de pastelaria, como o pão de Ló (de ovos e de Aveiro), o morgado do Bussaco, o panettone, o red velvet, tartes várias e bolos de casamento. Em 2016, a padaria e pastelaria participou no concurso televisivo Best Bakery, na SIC, com o Bolo Diplomático.
Flor de Aveiro > Estrada de São Bernardo, 93, Aveiro > T. 234 343 342 > seg-sáb 8h-19h30, dom 8h30-19h, 24 e 31 dez, 8h-18h > www.flordeaveiro.pt > À venda também na Doce Meu > R. Visconde da Luz, 8, Coimbra > T. 239 133 998 > seg-sab 8h30-19h30 > 24, 31 dez 8h30-18h