1. Comvida
Quando decidiram criar um projeto só seu, Sofia Oliveira e Fábio Gomes, 29 anos, não quiseram dar-lhe um rótulo. Interessava-lhes, sim, ter um lugar onde se olhasse para a cozinha e para os produtos de forma sustentável. Perto da Fundição de Oeiras, a Comvida abriu a 31 de outubro de 2020, sem letras a anunciar cafetaria vegan e mercearia (de conveniência, a granel) que é, onde se sente a dedicação em cada prato e se conta a história de cada produto sazonal e biológico. Ali, só os cereais e o café (Sgt. Martinho) é que não são portugueses.
Enquanto decorriam as obras, Sofia estagiou no Kitchen Dates, em Telheiras, para perceber como funciona um restaurante e pôr em prática aquilo que gosta de fazer: cozinhar. A ementa da Comvida é pequena, pois só assim “é possível assegurar a qualidade de tudo o que é servido”, defendem Sofia e Fábio. Por detrás de algumas das criações, está a chefe brasileira Virginia Kulaif, que esteve no My Mother’s Daughters, em Lisboa. Provámos a tosta em pão de trigo de fermentação lenta, com húmus de feijoca, curgete e espinafre (€7) e as panquecas com molho de alfarroba, fruta da época, granola e manteiga de amêndoa (€6,50), servidos em cerâmica portuguesa. Para almoçar, há sempre uma sopa, um hambúrguer (€10,50), que vai variando, e um prato do dia (€8,50). A última nota vai para o Estúdio Jaca, a dupla de arquitetos que tão bem soube tirar partido daquele espaço luminoso, agora pintado em tons de pastel e com mobiliário em madeira, onde apetece estar sem olhar para o relógio. I.B. R. Ernesto Veiga de Oliveira, 10A, Oeiras > T. 21 165 3357 > ter-sex 11h-19h, sáb 10h-16h > takeaway e entregas através da Scuver, entre Caxias e a Parede
2. O Botanista

Criado pela chefe Natália Finger e pela proprietária, Catarina Gonçalves, Notas de Viagem é o prato mais representativo da ementa atual d’O Botanista, o restaurante vegan, aberto em Lisboa, em 2017, que nos faz sentir como se estivéssemos num jardim. Composto por um lombo de tofu marinado durante três a quatro dias, com crosta de sésamo e escamas de tempeh, é acompanhado por um creme de cenoura, espargos salteados em azeite e um molho resultante da redução de frutos vermelhos com vinho tinto, guarnecido de espuma de espinafre e limão (€15). Ainda da nova carta, pode saborear-se o prato inspirado em Sophia Loren, de beleza original, que nos faz viajar por Itália. Trata-se de um ravioli caseiro, recheado com ricota de tofu temperada com alcaparras, servido com molho de tomate seco e crumble salgado (€15). Já o pad thai, um dos mais pedidos n’O Botanista, inspirado na comida de rua tailandesa, é feito com noodles de arroz e molho de amendoim, um pouco ácido devido à lima e ao tamarindo (€12). R. Dom Luís I, 19, Lisboa > T. 96 798 9184 > seg-sex 12h-15h30, 18h30-20h> instagram.com/0botanista> takeaway e entregas próprias num raio de 15 km e pela UberEats
3. Kitchen Dates

Quando se lê que o restaurante Kitchen Dates não tem caixote do lixo, é impossível esconder a admiração. Como é que não tem? A resposta de Maria Antunes e Rui Catalão, os proprietários deste restaurante lisboeta (reabre dia 13 deste mês, tome nota), é simples e direta: “Requer esforço, persistência, flexibilidade e criatividade.” Todos os dias procuram novas soluções, até porque “tudo o que entra tem de ser consumido, reutilizado ou, em último caso, passar pelo compostor elétrico e ser transformado em matéria orgânica, que é devolvida aos produtores com quem trabalhamos”, explicam. Por isso, é preciso repensar todos os produtos, produzidos a menos de 50 quilómetros, no caso das hortofrutícolas, e num raio de 500, nos secos (leguminosas, frutos secos, cereais), do restaurante, em Telheiras. Para saborear à mesa há, entre muitas outras sugestões, pão, feito com farinha moída pouco tempo antes de amassar (também vendem para fora, €4/unidade), raviolis (€13) de massa caseira, recheados com pasta de kimchi, e a sobremesa nutaroba (€4,50), preparada a partir de alfarroba, adoçada com figo preto de Torres Novas. R. Seminário, 7A, 1600-764 Lisboa > T. 21 580 4677 > qua-sáb 15h-20h > kitchendates.pt > takeaway e entregas em todos os códigos postais começados por 1*** por €2,50 (grátis para encomendas a partir de €40); €5 para entregas na Amadora, Carnaxide, Linda-a-Velha, Odivelas, Sacavém e Queluz (grátis nestes concelhos para encomendas a partir €60)
4. 3F Fresh Fit Food
Ainda que sem experiência na área da restauração, mas com palatos apurados, Paula Madeira e Ricardo Santos, fotógrafo, resolveram arriscar as poupanças, o emprego estável e a vida tranquila e abrir o 3F Fresh Fit Food, no bairro de Alvalade, em Lisboa. Ali apostam numa ementa de comida vegetariana, em que o desperdício é uma preocupação constante. Por este motivo, aproveita-se cada rodela de cebola, talo de couve ou os abrunhos maduros para criar novos pratos. Como diz a dupla, “há que ir com tempo para conversar, estar e saborear” as diferentes iguarias. Além de sopas, bowls e um prato do dia, há um brunch ao fim de semana, feito com vegetais frescos e da época, sumos naturais e doces, sem açúcar adicionado. Tv. Henrique Cardoso, 5B, Lisboa > T. 21 824 2994 > ter-sex 11h-16h, sáb-dom 10h-13h > instagram.com/3fs_freshfitfood > takeaway e entregas em Alvalade grátis, outras zonas de Lisboa acresce €2 e localidades fora deste concelho a entrega é cobrada por km
5. Therapist

O ano de 2020 obrigou a mudanças e, ali por altura do verão, também o Therapist, na LX Factory, fez a sua. Além de uma esplanada maior, a sala interior e a ementa foram renovadas, mantendo-se a premissa que rege este restaurante: a alimentação é terapêutica. Consoante o objetivo – reset, força, imunidade e energia mental –, assim se escolhe o que vem para a mesa. Aos pratos principais – como feijão-mungo, arroz integral com sésamo tostado, abóbora assada, salada de rúcula e espinafres, ou salmão selvagem assado com raspas de laranja, abóbora, espinafres, nozes tostadas, arroz integral, brócolos, rúcula, granola salgada e molho de iogurte de soja e ervas aromáticas –, juntam-se as bruschettas, as panquecas, as bowls e os sumos prensados a frio. As novidades para o início deste ano são os programas reset (1 dia/€39, 3 dias/€129), a fazer esquecer os abusos à mesa, durante as festas. São entregues à terça-feira, em Lisboa, e vêm acompanhados de uma playlist no Spotify. I.B. Lx Factory > R. Rodrigues Faria, 103, Lisboa > seg-qua 9h30-19h, qui-dom 9h30-22h
6. Prado

É com o que há no mercado e pronto para entrega pelos produtores que António Galapito prepara a ementa do restaurante Prado, em Lisboa. “Apostamos nos produtos nacionais e o mais locais possível, mas sem extremismos”, afirma o chefe de cozinha. A seleção dos produtores começou ainda antes de o restaurante abrir portas, em dezembro de 2017, numa antiga fábrica de conservas. “Visitámos algumas quintas que nos recomendaram, mas atualmente contamos com muitas mais, para também termos um leque maior”, explica António Galapito. O menu muda todos os dias, por isso se há pratos que ficam mais tempo, outros, por vezes, duram apenas um almoço ou um jantar. Neste Prado, em vez de se aconselharem pratos, sugerem-se ingredientes. Nesta altura do ano, é o robalo, o rodovalho e sugestões com citrinos, marmelos, peras e couves que podem ali saborear-se. Também na garrafeira, continua a apostar-se em vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais: “Nunca alterámos a nossa filosofia em relação a nada, somos fiéis ao que dizemos ser e procuramos aprender e evoluir todos os dias”, sublinha o chefe. Tv. das Pedras Negras, 2, Lisboa > T. 21 053 4649 > pradorestaurante.com >O restaurante encontra-se encerrado durante o mês de janeiro
7. My Mother’s Daughters
Entrar nesta pequena cafetaria, escondida da azáfama da vizinha António Augusto de Aguiar, em Lisboa, é como mergulhar numa bolha de sustentabilidade, equilíbrio e paz revigorantes. As escadinhas que dão acesso à porta do My Mother’s Daughters conferem-lhe um ar de casa e o aroma que chega da cozinha reconforta a alma. Seja para beber um café de especialidade, moído na hora, da Sargento Martinho, ou para provar o pão de banana vegan, somos acolhidos com um sorriso e um copo de água aromatizada com ervas e rodelas de citrinos. Sobre as mesas de madeira, talhadas na Bósnia através de uma técnica classificada Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, desfilam pratos confecionados com ingredientes biológicos, sazonais e, maioritariamente, de produtores locais. O menu varia de acordo com a estação, mantendo algumas opções intemporais como a Earth Bowl (€13), um estufado de lentilhas e grão com shiitake caramelizado e maionese de caju, ou a burrata de caju com pão de fermentação natural da Gleba (€9). “É nossa responsabilidade reconectar com a Natureza, seguir o ritmo natural da Terra, aproveitando a riqueza que ela nos oferece”, assegura Madalena, a mais nova das três “daughters” da mãe Maria que, há três anos, embarcou com as filhas nesta aventura, onde até na cerâmica, nos candeeiros, nos talheres e nas almofadas das cadeiras se respira preferência pelo que é local. M.A.N. Lg. São Sebastião da Pedreira, 49, Lisboa > T. 21 580 9853 > seg-sex 12h-15h30, sáb-dom 9h30-13h
PORTO
8. Terrárea
Não é comum encontrarmos uma cafetaria/restaurante dentro de um horto urbano, com filas à porta ao almoço. Mas a cozinha vegetariana do Terrárea rivaliza com as plantas naturais e secas, mesmo para quem não segue esta filosofia de vida. “É raro repetirmos um prato e é isso que as pessoas procuram”, acredita Sofia Nico que, com o namorado, Márcio Pereira, abriu este lugar rodeado pela Natureza. A carta é sazonal, com a botânica a dar nome aos pratos (Peónia, Hibiscus, Lobélia…). Por estes dias, há de encontrar novidades: french toast, em pão de fermentação lenta, smoothies, bowls e lattes que se juntam à granola e à manteiga de amendoim caseiras, aos bolos adocicados com geleia de agave ou à ementa diária, em que se incluem risotos, caril, gnocchi, francesinha vegetariana e um brunch (€25/duas pessoas). R. de Brito Capelo, 1211, Matosinhos > T. 22 317 0414 > seg-sex 12h-15h, sáb 12h-13h (takeaway) > terrarea.pt > Entregas pela Uber Eats e Matosinhos.come
9. Fava Tonka
Nos últimos tempos, o chefe Nuno Castro anda surpreendido com a potencialidade das algas clorófitas. Tanto mistura “quatro ou cinco variedades com citrinos e pimentos” como as pode transformar num caviar, a partir de um puré. Desde que, há dois anos, abriu o Fava Tonka, em Leça de Palmeira, que procura “bombas de sabor” através de uma cozinha vegetal, em que se orgulha de ter alcançado uma taxa de desperdício de apenas dois a três por cento. Ali, tanto podemos encontrar Nuno Castro na cozinha, às voltas com um novo prato, como de saída, para visitar os agricultores que lhe fornecem os produtos: as hortícolas vêm da Póvoa de Varzim, o tomate e as beringelas de Leça do Balio, o mel de Baião… “No restaurante é como se fechássemos o ciclo da sustentabilidade”, refere. E dá exemplos: de uma abóbora, aproveita as pevides para assar, as cascas para fazer kombucha e a polpa para compota; das sobras de pão de massa mãe faz um gelado (com uma infusão de côdeas e aparas) e a partir do leitelho que sobra do fabrico de queijo fresco, um caramelo no tacho. No Fava Tonka, a velha máxima de Lavoisier – “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” – faz todo o sentido. Basta olhar para a sala do restaurante, onde um tronco de carvalho se transformou no balcão. R. de Santa Catarina, 86, Leça da Palmeira, Matosinhos > T. 91 534 3494 > qua-sex 19h-20h, sáb e dom 12h-13h (takeaway)> Entrega próprias ao domicílio (taxa a partir €3) ou pela Uber Eats
10. Early
Neste lugar que é um misto entre bistrô, café e restaurante de bairro, há um fator-chave: a estação. “A sazonalidade marca a forma como comemos. Queremos reeducar para isso”, salienta Emanuel de Sousa, arquiteto e responsável pelo Early, juntamente com a irmã, Patrícia. A carta muda 52 vezes por ano e inclui pratos da dieta atlântica que “tentam reativar a memória das pessoas”, desde o uso de ingredientes de fornecedores locais às técnicas antigas de preservação dos produtos (pickles, chutneys, compotas, fermentados). Quem se sentar à mesa, saberá cada ingrediente que entra em cada prato antes de o pedir. Além de pão de fermentação natural, do húmus e do dukkah, nesta cozinha consciente saboreiam-se diferentes combinações a cada semana, como o kimchi Wellington, a sanduíche de bísaro, o polvo do Algarve ou um dos cheesecakes de requeijão de cabra, com cobertura de fruta da época. Ao ritmo dos dias e de cada estação. R. dos Bragas, 374, Porto > T. 22 112 4203 > seg-qui 9h30-20h, sáb 9h30-13h (takeaway) > www.instagram.com/earlycedofeita > Entregas própria no Porto (valor superior a €25, acresce taxa €3,50) e pelas plataformas Uber Eats e Comfort Goods
11. Nola Kitchen
Na cozinha do Nola Kitchen não entram conservantes, óleos processados nem açúcares refinados. Do pequeno-almoço ao jantar, os ingredientes usados “respeitam a sazonalidade” e o fator nutricional. “Nos nossos pratos, usamos e abusamos de curcuma, miso, tahini e pimenta preta”, exemplifica Maria Torres, a fundadora. Os mais procurados têm sido as bowls (a Eggs, com ovos escalfados, batata-doce, arroz, abóbora hokkaido; ou a Tuna, de lombo de atum-rabilho dos Açores, puré de batata-doce, legumes da época assados), os smoothies (com spirulina azul, matcha, bagas de goji), e as tostas em pão de fermentação lenta (com abacate, puré de batata-doce, beterraba, ovos biológicos). À entrada do restaurante funciona uma pequena mercearia, onde é possível comprar a granola caseira (sem açúcar), a manteiga de amendoim e os shots de imunidade, entre outros produtos da casa. Pç. D. Filipa de Lencastre, 25, Porto > T. 91 059 5015 > seg-sex 11h, sáb-dom 10h-13h (takeaway) > nola.com.pt > Entregas próprias, pela Uber Eats e Comfort Goods
12. Manna

Nesta cafetaria, tudo respira bem-estar e bom gosto: livros selecionados com todo o cuidado, loiças do ceramista João Abreu Valente, cestos da Ophelia Handmade Design, guardanapos da Bicla, peças de mobiliário da Boa Safra, além de uma banda sonora criada para manter a serenidade. E ainda não nos sentámos à mesa. A ementa é vegetariana, baseada em produtos locais e de época, com pratos que mudam todos os dias. Este ano, os mentores do Manna – Sara Sá, responsável pela cozinha, e o marido, Hélder Miranda, que recebe os clientes – centraram a atenção nas bebidas naturais e nos doces vegan. “Reforçámos as opções, que acabam por ser mais saudáveis para nós e para o ambiente”, explicam. Conte-se com bolos sem glúten, mais fermentados, como kefir de água (sem proteína animal), probióticos e sumos. E, se a pandemia der tréguas, quando o bom tempo chegar abrirá o bar ao ar livre, de bebidas sem álcool, junto à bonita sala envidraçada. S.S.O. R. da Conceição, 60, Porto > T. 91 628 5608 > seg-sex 9h30-18h, sáb-dom 9h30-13h > www.mannaporto.com > takeaway e entregas pela Uber Eats e Comfort Goods
13. Berry

Uma cozinha orgânica, sazonal, feita de raiz, prática para comer ou levar, são as premissas da marca que Frederico Horta, 33 anos, criou em 2016. Atualmente com três restaurantes, o Berry continua a apostar na cozinha feita com tempo e ingredientes biológicos. “Uma sopa demora, no mínimo, quatro horas”, exemplifica Frederico que, depois do curso de cozinha em Vermont, nos EUA, aprendeu “a cozinhar sem desperdício” em Estocolmo e em Londres. Na ementa, diferente ao almoço de segunda a sexta, as sopas são muito requisitadas (o caldo de miso com cogumelos shiitake tem seguidores fiéis), assim como o pão e as focaccias com massa mãe, a salada de abóbora assada, os sumos feitos na hora ou os cinnamon rolls e os cupcakes de abóbora, gengibre e canela. R. Júlio Dinis, 829, Porto > T. 91 099 6635 > R. do Bonjardim, 614, Porto > T. 22 110 1812 > Lionesa, R. da Lionesa, loja C8A, Leça do Balio, Matosinhos > T. 22 116 4857 > seg-sex 11h30-15h > www.facebook.com/berrynicecaffe > takeaway e entrega Uber Eats e Glovo
14. Época Porto

Neste café de inspiração nórdica, nunca irá encontrar morangos ou tomate em janeiro. Liliana Alves e Tiago Teixeira, os mentores do Época, acreditam que a cozinha saudável e sustentável é indissociável de cada estação, pelo que, só no inverno, ali poderá saborear o bolo de clementina com amêndoa e coco ou a tartine com húmus de lentilha vermelha, abóbora assada, pesto de aipo e couve toscana. A carta, feita com ingredientes maioritariamente biológicos, vai mudando todos os dias. No entanto, poderá sempre contar com pão de massa azeda, ovos biológicos (escalfados, mexidos ou turcos), taças de arroz integral, papas de aveia com manteiga de avelã, granola com compota de banana da Madeira e, claro, sopa do dia feita com legumes acabados de chegar do campo. R. do Rosário, 22, Porto > T. 91 373 2038 > ter-sex 12h30-14h, sáb 11h30-13h > takeaway