Estamos diante do Tejo, vemos passar os barcos, contemplamos a Ponte 25 de Abril, de um lado, e o Padrão dos Descobrimentos com o mar ao fundo, do outro, e é de olhar lavado que nos detemos, por fim, na ementa do Clube Naval. Além da localização privilegiada, sobre o rio, na Doca de Belém, o restaurante, cujo nome completo ninguém diz, beneficia da luz de Lisboa, que lhe inunda a esplanada, no rés do chão, com ambiente descontraído, e a sala com varanda envidraçada, no primeiro andar, mais intimista. A gastronomia, pedra de toque de qualquer restaurante, também atrai com a qualidade dos produtos e o modo simples e adequado como são confecionados e apresentados. Mudou muito, e para melhor, com a nova gerência e a cozinha do chefe Ricardo Machado, que é portuguesa, à base de peixe fresco.
Tem uma ementa diversificada, na qual se destaca a “sugestão” diária (uma sopa, três entradas, quatro ou cinco pratos de peixe, três de carne, duas sobremesas), escolhida em função do mercado. Há, todavia, um ou dois com dia fixo e mais baratos, que permanecem durante dois meses, como o arroz de polvo, à segunda-feira; o bacalhau com broa, à quarta; os filetes de pescada com arroz de tomate, e as iscas de vitela à portuguesa, à quinta; os bifinhos de atum de cebolada, à sexta; o choco frito à setubalense, ao sábado; e os lombinhos de garoupa com molho de camarão, ao domingo, que se oferecem agora e nas semanas que aí vêm. Há peixes, como sardinhas, carapaus, besugos, salmão, etc., e pratos tradicionais, como massada de garoupa, raia de coentrada, pernil e os referidos acima, entre outros, que vão passando pela sugestão diária e nunca entram na ementa, que é composta por couvert (cesto de pão, azeitonas, manteiga, queijo de cabra e queijo fresco), dez entradas, quatro sopas, seis saladas, três massas vegetarianas, dez pratos de peixe, seis pratos de carne, fruta e doces.
Deste conjunto considerável de iguarias destacam-se, nas entradas: amêijoas e lingueirão à Bulhão Pato, pela frescura dos bivalves e pelo tempero simples e genial de azeite, alho e coentros; nas sopas: a sopa rica do mar, servida no pão com lascas de bacalhau, camarão, mexilhão e um creme à base de marisco com o cheiro e o sabor gulosos, e a sopa de peixe, também cremosa, perfumada e com aquele toque picante dos antigos cremes de camarão das marisqueiras, que delicia; nos peixes: filetes de peixe-galo com arroz de lingueirão, prato emblemático, que se impõe pela qualidade do peixe bem filetado e frito e pelo sabor delicado do arroz; bacalhau e polvo à lagareiro, o primeiro em posta do lombo, a lascar, com batatas a murro, grelos salteados, azeite e alho, o segundo em três meios tentáculos grossos, macios e saborosos sobre batatas, azeite e alho com apresentação cativante; robalo, dourada, linguado e garoupa em posta são os peixes grelhados mais pedidos e justificam bem a preferência. Há boas carnes da vazia para bife grelhado ou frito, do lombo para bife ou prego e da alcatra, esta de carne certificada maronesa ou arouquesa, para a sempre apetecível posta (que pena a falha nas batatas fritas da guarnição, que foram reaquecidas!). Doçaria tradicional com uma tarte de maçã à moda antiga merecedora de aplauso especial. Boa garrafeira com opções muito acertadas no serviço de vinho a copo. Serviço esforçado e muito simpático.
Restaurante do Clube Naval de Lisboa > Av. Brasília, Doca de Belém, Edifício do Clube Naval de Lisboa, Lisboa > T. 21 363 6014 > qua-seg 12h-22h > €30 (preço médio)