1. Smoked Negroni
The Georges Pub, Lisboa
O cheiro a canela deixa rasto junto ao balcão do The Georges Pub, em Lisboa. Já o fumo, avista-se das mesas mais distantes, aguçando a curiosidade da clientela que frequenta este british pub, aberto há dois anos e meio, entre a Baixa e o Chiado. A culpa deste “espetáculo” é de António Mulenza, o barman que prepara o cocktail smoked negroni (€7), um dos mais originais da carta composta por 11 sugestões clássicas e de autor. A canela fumada é um dos seus ingredientes mais importantes e o que se faz sentir, com mais intensidade na boca, desde o primeiro gole. Mas, antes de a adicionar nesta bebida de travo amargo e forte, António Mulenza coloca no copo o gelo, três medidas de gin, mais duas de Dubonnet, um aperitivo doce, à base de vinho, uma de bitter Compari e uma de Aperol. Para ficar pronto a servir, falta apenas pôr uma casca de laranja. A par da lista de bebidas que aposta ainda em várias cervejas e dos petiscos very british, o The Georges Pub é também um bom sítio para ver os jogos da Liga inglesa, espanhola e portuguesa. R. do Crucifixo, 58, Lisboa > T. 21 346 0596 > seg-dom 12h-2h > €7
2. Aloha
Red Frog, Lisboa
Se provar este Aloha às cegas, é provável que não acredite nos ingredientes que leva. Dentro deste copo de barro cinzento, elegantemente decorado com flores comestíveis e frutos como a physalis e a framboesa, esconde-se uma mistura extravagante que inclui, por exemplo, leite de durião, aquela fruta exótica que todos apelidam da mais mal cheirosa do mundo. Também leva carvão aditivado e ainda tinta de choco. Tudo misturado – mais a base alcoólica de gin Monkey 47, vinho feito na casa a partir de bagas goji frescas e lingonberry – resulta nesta bebida de sabor e apresentação original criada pelo Red Frog, que foi agora classificado como o 92º lugar na lista do The World’s 50 Best Bars. “É um cocktail tropical e fresco, inspirado no Havai e na onda tiki”, diz Paulo Gomes, barman e um dos sócios deste speakeasy bar, que tem como símbolo uma espécie rara de sapo vermelho. Para além do Aloha (€12,50), a carta de cocktails de autor do Red Frog tem outras sugestões singulares. O quase detox Terroir & Greens, apresentado dentro de uma taça como se fosse um pequeno jardim, leva vodka, saké, vetiver, aneto, spirulina e algas. R. do Salitre, 5A, Lisboa > T. 21 583 1120 > seg-qui 18h-2h, sex-sáb até 3h > €12,50
3. Orgia
Pensão Amor, Lisboa
Como o nome indica, sem entrarmos em detalhes, este é um cocktail para beber acompanhado, ou seja, para partilhar. O nome vem de encontro à essência da Pensão Amor – onde, em tempos idos, já se alugaram quartos à hora a prostitutas e marinheiros. Agora, bebem-se cocktails como o Orgia, uma combinação forte mas subtil, feita com dois tipos de rum, cognac, licor de chili, puré de maçã, sumo de laranja e de lima natural, xarope de canela, infusão de jalapeños e muito gelo. No que à apresentação diz respeito, é como se estivéssemos a beber um chá das cinco servido num bule e em chávenas de porcelana. Ninguém sabe o que lá vai dentro, até ao primeiro trago. O Orgia é um dos oito cocktails de autor da carta A Madame Recomenda”. “Foi criada com o objetivo de contar a história do Cais do Sodré, da Pensão e de quem cá trabalhava e morava”, explica o chefe de bar, João Silva. R. do Alecrim, 19, Lisboa > T. 21 314 3399 > dom-qua 14h-3h, qui-sáb até 4h > €18 (dia), €20 (noite)
4. Out of the Tea Pot
Double9, Lisboa
No Double9, o melhor da cocktelaria uniu-se ao universo do chá. É verdade, escrevemos chá e não foi por engano. Na carta deste tea cocktail bar lisboeta, aos 18 cocktails de autor, desenvolvidos pela equipa da Liquid Consulting do italiano Kiko Pericoli, juntam-se mais de duas dezenas de referências de chás. Entre as obras líquidas que foram criadas, sempre com o chá à espreita, seja em infusões, tinturas e aromatizações, está o cocktail Out of the Tea Pot (€9,50). Frutado e complexo, resulta da mistura de bourbon com sumo de laranja, maçã e limão, licor caseiro de sementes de alcaravia, xarope de ácer infusionado com baunilha e cardamomo, tintura caseira de chá Lapsang Souchuoung. É servido num copo balão, tombado sobre uma meia pipa. Impressiona pelo sabor, mas também pela apresentação, com um bule a fumegar diretamente para o copo. Mais do que uma encenação, o fumo, feito com gelo seco, tem como objetivo aromatizar o líquido do copo. A carta do bar inclui ainda sugestões como o Thales of Thailand, cocktail vencedor da edição 2017 da Lisbon Cocktail Week, e o Double 9, servido com um pato de borracha a boiar. R. da Misericórdia, 76, Lisboa > T. 91 983 5036 > dom-qua 16h-24h, qui-sáb até 2h30
5. Skãl
The Royal Cocktail Club, Porto
Doce, frutado e floral. Da lista de ingredientes do Skãl, uma das sugestões que vão rodando no The Royal Cocktail Club, consta vodka, limão, baunilha, rosas, pêssegos e clara de ovo. Tudo servido num copo de cobre, a combinar com a restante decoração do bar. Carlos Santiago (eleito melhor Bartender Português de 2017), Daniel Carvalho, José Mendes e Tatiana Cardoso revezam-se ao balcão e na criatividade colocada nas propostas daquela que consideram a ser “a primeira coquetelaria, pura e dura, do Porto”. O propósito é sempre surpreender, tanto na apresentação, como nos sabores. Se na mesa se ouvir um “UAU!”, ficam satisfeitos. No piso inferior, os clientes são convidados a jogar monopólio, com os dados a ditar o que vão beber. Se forem para a cadeia, pagam bebidas aos companheiros de mesa. R. da Fábrica, 105, Porto > T. 96 244 8739 > seg-dom 19h-2h > €10
6. Daiquiri Frozen
Cocteleria, Porto
As bases fazem toda a diferença. Essa é a crença de Sérgio Pinto, o proprietário do Cocteleria, explicando porque prepara a polpa de morango do Daiquiri Frozen (e não recorre a concentrados) e utiliza um rum de qualidade. Ao copo, junta ainda triple sec, xarope de açúcar e gelo granizado. Este autodidata, com experiência acumulada em bares do Porto, não foge muito dos cocktails clássicos, como os mojitos, mas procura dar-lhes sempre um toque pessoal. Inspirado pelas visitas frequentes a Espanha, Sérgio também apostou forte nas sangrias, com 15 variedades, desde lambrusco rosé com frutos vermelhos à de espumante com cereja, maçã e pepino. Para acompanhar, claro, não faltam tapas como patatas bravas, pimentos padrón, revueltos ou gambas ajillo assim como petiscos portugueses como amêijoas à Bulhão Pato e bacalhau à brás. R. da Picaria, 9, Porto > T. 91 322 5016 > seg-dom 18h-2h > €7
7. Skinny Vinnie
Cinco Lounge, Lisboa
Imaginação é o que não falta no Cinco Lounge, um dos bares de cocktails mais antigos de Lisboa. Desde 2004 que Dave Palethorpe e a sua equipa surpreende palatos com misturas como a deste Skinny Vinnie (€10,50), uma bebida que chega às mãos dos clientes num copo cuja forma se assemelha à de uma Moai (as estátuas da Ilha de Páscoa). É André Malaguerra, um dos barman da casa, que explica o que é este Skinny Vinnie: “É uma bebida de verão, um long drink que anda entre o doce e o amargo, e que é capaz de agradar a quase todos os gostos”. A confeção leva bebidas como whisky 12 anos, overproof rum, puré de maçã e canela, sumo de limão e de maçã natural, xarope de canela caseiro e um ingrediente mais curioso, sumo de pimento vermelho. A mistura não é agitada no shaker, é trabalhada com uma técnica designada de throw, em que a bebida é literalmente atirada de um copo com gelo para outro, para poder refrescar sem diluir. Este Skinny Vinnie é um dos mais de 50 cocktails da carta Molly & The Misfits, o segundo menu de uma trilogia que conta a história de Jeff, uma personagem que tenta a todo o custo conquistar Molly para sua namorada. R. Ruben A. Leitão, 17A, Lisboa > T. 21 342 4033/91 466 8242 > seg-dom 21h-2h > €10,50
8. Invicto
Matiz Pombalina, Lisboa
De todos os cocktails que o Matiz Pombalina apresenta, há um que se destaca pela originalidade: um rum de 15 anos, envelhecido em barricas de Vinho do Porto, na destilaria Oliver & Oliver, fundada em 1874, na República Dominicana. “Compraram 300 barris à Sandeman e puseram lá o rum a repousar durante um ano”, diz um dos responsáveis. As garrafas são numeradas à mão e, no Matiz, está a número 3020 (de um lote de 5000), de 2015. É com ela que se prepara o cocktail Invicto, uma homenagem ao Porto, pois claro. Acrescenta-se Triple Sec, sumo de ananás natural e um bitter. Resultado: um cocktail forte – com um rum bastante diferente, na cor, no sabor e no grau de álcool (43º) –, mas aromatizado com ananás. R. das Trinas, 25, Lisboa > T. 21 404 3703 > ter-sáb 19h-2h > €12
9. Porto Zenith
Zenith Brunch & Cocktails Bar, Porto
Em Portugal, a adesão aos brunchs é inegável. Já casá-los com o consumo de cocktails era algo que os sócios Fernando Sá e Thiago Silva viam sobretudo noutras paragens, como Londres e Nova Iorque. “Fizemos pesquisas e apostámos numa lista de cocktails levezinhos, bons para acompanhar uma refeição”, conta Fernando. No Zenith, têm desde os clássicos (como o Bellini e a Mimosa), às criações da equipa, como é o caso do Porto Zenith, juntando-se à bebida nacional o sumo de laranja natural, polpa de limão e de manga, muito gelo picado e, para a decoração, maracujá e um ramo de rosmaninho. “Estamos atentos às novas tendências e os empregados estão sempre a propor ideias”, diz. Até porque acreditam que esta frase também será adotada pelos portugueses: “Um brunch sem cocktails é como um pequeno-almoço triste”. Pç. Carlos Alberto, 86, Porto > T. 22 017 1557 > dom-qui 10h-20h, sex-sáb 10h-2h > €8
10. Vodka nº 7
Terraço 135, Porto
Do Terraço 135, aberto a 20 de julho, respira–se a cidade. Na verdade, tudo começou pela vista. Há dois anos, quando inaugurou o Porto Coliseum Hotel no edifício que também integra o Coliseu do Porto, desenhado pelo arquiteto Cassiano Branco, os proprietários mantiveram o sexto andar reservado a hóspedes. Perceberem os benefícios da abertura ao público em geral quando Diogo Teixeira organizou ali um evento, com muito êxito e, pouco tempo depois, propuseram- -lhe uma parceria. Apostaram em cocktails, clássicos e de autor, criados por Jorge Silva, como este Vodka nº7 (com vodka, concentrados de morango e de pêssego, sumo de limão e clara de ovo). A carta, em discos de vinil, ainda não tem as referências completas, até porque o barman faz questão de ir a cada mesa e de adaptar as suas criações ao gosto dos clientes. R. Passos Manuel, 135, Porto > T. 93 416 4150 > qua-sáb 17h-23h, dom 17h-22h, seg 17h-23h > €10
11. Ron Jeremy
Terraplana, Porto
Clássicos com um twist. É muitas vezes dando a volta a cocktails com longa história que surgem as invenções do Terraplana. É o caso deste Ron Jeremy (com vodka Cîroc, xarope de maracujá, lima, xarope de açúcar, clara de ovos e acompanhado por um shot de espumante rosé), inspirado no Porn Star Martini, segundo conta o seu criador, Rui Silva, gerente do bar da zona oriental do Porto, num edifício recuperado colado à Faculdade de Belas Artes. Desde a abertura, em abril de 2016, têm conseguido incutir aos clientes a vontade de experimentar bebidas de autor, com nomes tão curiosos como Mortos-vivos Margarita, Contrabandista ou Lady Viola. A carta vai sofrendo alterações consoante as estações do ano, até para continuar a surpreender quem se senta ao balcão. Às sextas-feiras ou aos sábados, são habituais os concertos, mantendo uma onda mais roqueira. Av. Rodrigues de Freitas, 287, Porto > seg-qui 12h-24h, sex 12h-3h30, sáb 17h-13h30, dom 17h-24h > €9,50
12. Tchá-Tchá-Tchá
Bistro 100 Maneiras, Lisboa
Foi na viagem aos Açores, durante a pesquisa para o livro 100 Cocktails 100 Maneiras, que o chefe Ljubomir Stanisic e a sua equipa criaram o Tchá-Tchá-Tchá, numa homenagem à ilha onde cresce o chá Gorreana. Servido como se fosse um chá, sobre uma tábua de madeira em três chávenas de vidro transparentes, tem aparência inocente, mas pode fazer mossa. “É um twist de uma Margarita e, por isso, tem tequila. Os rebordos dos copos levam sal, açúcar e chá verde”, explica o barman Daniel Zamith. Na composição do Tchá-Tchá-Tchá há ainda mezcal, dry curacao, goma de gengibre (caseira), sumo de limão fresco e bitter tea pot. Lg. da Trindade, 9, Lisboa > T. 910 307 575 > seg-dom 19h30-2h > €13,50