As águas tranquilas da albufeira da barragem de Póvoa e Meadas guardaram, durante cinco anos, um terrível segredo. A apenas dois passos de Castelo de Vide (Portalegre), o lugar discreto e isolado serviu de esconderijo ao criminoso espanhol Manuel Martínez Quintas. Em Portugal, “Manolo” ou “El Quintas”, como também é conhecido, pôde “enterrar” as histórias dos crimes que cometeu no país vizinho, nas décadas de 1980 e 1990. Do outro lado da fronteira, o “Monstro de Zamora” tornou-se sinónimo de terror, depois de matar um jovem casal e de violar uma mulher, atos que cometeu com extrema crueldade. Pelos seus crimes, pagou com mais de três décadas na cadeia.
O tempo, porém, não apagou o trauma e as más memórias. Em 2017 saiu em liberdade, mas em cada lugar por onde andava continuava a carregar a bagagem do passado. Nos bairros em que vivia, surgiam cartazes, colados nas paredes, com a sua fotografia, e avisos à população: “Homem perigoso!” As redes sociais não deixavam cair no esquecimento o seu rosto. O direito ao perdão não lhe estava reservado nesta vida, apenas medo e ódio. Decidiu, então, fugir de Espanha, desaparecer da vista de todos. “Onde se terá metido ‘El Quintas?’”, questionavam, amiúde, os mais curiosos, ao longo dos últimos anos.