Em Ilhéus, na Bahia, durante todo o ano, cheira a mar, cheira ao verde das plantas exóticas, mas também cheira a cacau. A união da Natureza com o humano vê-se em qualquer canto deste local. Quem o visita pensa ter aterrado num recanto paradisíaco do Brasil, mas por entre as cabrucas – sistema de cultivo específico do cacau, no qual as árvores de copa alta nativas da região são usadas para fornecer sombra aos cacaueiros – sente-se o suor e o esforço do árduo trabalho dos habitantes para que esta região se torne um marco na rota do cacau.
O fruto em si transmite as cores do povo animado que é o baiano. Quando ainda não está maduro, o cacau distingue-se pelo seu verde-vivo, passando para laranja carregado, um vermelho-acastanhado e depois a cor de cacau, um tom mais escuro. Já o seu sabor diverge consoante o estado. Quando está maduro, abre-se o fruto e deparamo-nos com a goma que envolve o grão do cacau, de sabor suave mas doce, utilizada para fazer o licor do mesmo. Ao secar ao sol, de uma forma controlada pelos produtores, este dá lugar ao sabor mais puro do cacau, o nibs. Mais crocante, um pouco mais acre, não tão apreciado por todos, mas muito benéfico para a saúde. Em todas as fazendas que visitámos, foram vários os especialistas que mencionaram como, neste estado, o cacau “desperta a hormona da felicidade”. E realmente fica difícil estar triste a comer chocolate, a ouvir as aves exóticas cantar e a conversar sobre o cacau, “o ouro que o mundo ainda não reconhece”, como diz Marco Lessa, empresário da Bahia.