“Hoje é um dia muito muito triste para Portugal”, começou por dizer Luís Montenegro, que falou ao País depois do último comunicado oficial feito pelas autoridades nacionais de Proteção Civil. O primeiro-ministro estava em Lamego, para onde se dirigiu – tal como aconteceu com a Ministra da Administração Interna e o Presidente da República – assim que começaram as operações de busca e salvamento pelos ocupantes do helicóptero que esta sexta-feira amarou no rio Douro.
Até à hora da sua comunicação, estavam confirmadas as mortes de 4 dos 6 ocupantes da aeronave. O piloto foi resgatado com vida logo ao início dos trabalhos e está fora de perigo, no Hospital de Vila Real. Um elemento da GNR continua desaparecido.
“Apresentamos às famílias dos quatro militares que faleceram a nossa solidariedade” e “quero exprimir o nosso reconhecimento à forma como todas as autoridades envolvidas nas operações de resgate e busca, prontamente responderam à solicitação e ao alerta que foi emitido”, continuou o chefe do Executivo.
“Estão a ser feitos todos os esforços para encontrar o quinto militar da GNR que se encontra desaparecido. Tenho estado em contacto com sua Excelência o Presidente da República, que esteve aqui, e que em consonância com a proposta do Governo, anuiu a que fosse decretado dia de luto nacional em homenagem à dedicação, brio e entrega destes homens”, comunicou Luís Montenegro.
“Estes militares estavam em funções, numa operação a propósito de um incêndio que estava a lavrar em Baião, e foi em exercício da missão de salvamento daquilo que é o interese público, das pessoas, do nosso património, que foram vítimas deste acidente”, realçou ainda o primeiro-ministro, que falou ao jornalistas tendo a seu lado Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, que não fez declarações.
Questionado sobre por que razão decidiu, a meio da tarde, entrar numa lancha e aproximar-se dos mergulhadores que realizavam as operações de busca e salvamento, Luís Montenegro referiu que “quis transmitir-lhes também o nosso apreço pelo esforço que estão a fazer para encontrar o corpo que falta”, lembrando que “o rio Douro, nesta ocasião, tem uma grande dificuldade de visibilidade, as operações de mergulho são complexas, e são perigosas para quem as está a executar. É minha missão estar a o lado daqueles que arriscam a vida nestas operações”, atirou.
E em relação às críticas que foram surgindo durante a tarde, de que a sua presença poderia ter causado constrangimentos ao trabalho das equipas de emergência, Luís Montenegro sublinhou:
“Eu cumpro a minha obrigação de representar o Governo da República Portuguesa, de poder acompanhar aquilo que é um episódio muito triste; e poder enaltecer o trabalho de todas as instituições e de todos os seus responsáveis que estão aqui a dar tudo o que têm”. EPerante a insistência dos jornalistas, endureceu o discurso:
“A presença do Primeiro-Ministro não foi motivo de nenhuma perturbação nas operações de busca que, de resto, ocorreram, praticamente no cumprimento total da missão que era exigida. Criticar isso parece-me um desrespeito pelas instituições, pelo povo português que eu represento” e por todos os elementos das equipas de emergência presentes no teatro das operações, vincou. “Estas pessoas merecem que os responsáveis pelas tutelas de todas estas áreas possam estar ao seu lado. Tenho um grande respeito por aquilo que estes homens e mulheres estão a fazer, e também pelos autarcas de todos os concelhos envolvidos nesta operação.
Depois de ser informado pelas autoridades de que as buscas deverão terminar por volta das 21h, pouco depois do pôr-do-sol, Luís Montenegro repetiu que “estão a ser feitos todos os esforços possíveis e há uma articulação muito grande de todas as entidades envolvidas neste teatro de operações. Não podemos garantir nada, a situação é complexa, a visibilidade é muito reduzida, a operação de mergulho é complexa e perigosa, mas temos a esperança de ainda hoje termos notícias sobre o quinto elemento desaparecido”.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONSTERNADO
Em comunicado publicado na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa referiu apenas que foi com “foi com profunda consternação que”, esta sexta-feira, “tomou conhecimento do trágico acidente aéreo que envolveu um helicóptero que transportava os elementos da Equipa Helitransportada de Ataque Inicial, da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR) e do qual resultou a morte de quatro militares da GNR e um militar desaparecido, que tinham estado em serviço, num incêndio na zona de Baião”.
No mesmo comunicado, o Palácio de Belém fez saber que “o Presidente da República, que acompanhou este terrível acidente com o Primeiro-Ministro, no Posto de Comando Operacional, em Lamego e com a Ministra da Administração Interna, acordou com o Governo a fixação de um dia de luto nacional, para amanhã, dia 31 de agosto”.
E concluiu a nota, dizendo que “nesta hora de grande pesar, o Presidente da República dirige as sentidas condolências aos familiares dos militares falecidos, bem como a todos os profissionais da GNR, em particular aos militares da UEPS, relembrando o valor do serviço e do compromisso que transcende o dever, de quem se dedica e dá vida pela segurança de todos os Portugueses”.