Foi o nome popular que nos atraiu e levou a visitar este pequeno restaurante, tão discreto como o lugar onde se encontra, numa rua perpendicular à Barão de Sabrosa, entre a Fonte Luminosa e a rotunda das Olaias. A expetativa de encontrar uma cozinha portuguesa com bons produtos e sabores tradicionais confirmou-se.
Com o que não se contava era com a culinária soberba de Marco Costa, senhor de uma sólida formação profissional, iniciada no restaurante dos pais, agora seus colaboradores ocasionais, e desenvolvida em cozinhas exigentes de grandes hotéis, até há seis anos, quando tomou conta deste restaurante. Agradável surpresa. Marco cozinha da mesma forma que a mãe, mas aprimora-se na apresentação. O espaço acolhedor – uma salinha com balcão, outra interior e uma esplanada sujeita ao tempo – e o ambiente descontraído também ajudam a gostar do Zé do Cozido.
Vai a meio a leitura da ementa quando nos servem alguns salgados, que são bons, mas podem voltar para trás se preferirmos outro petisco para entrada, como o escabeche de carapau, as amêijoas à Bulhão Pato, as gambas ao alho, o presunto ”pata negra” ou as bolas de carne e de bacalhau (quinta e sexta-feira).
Entre os pratos principais destaca-se o cozido, à quinta-feira, durante todo o ano, e ao domingo, semana sim, semana não, nos meses com “r” (de setembro a março), sempre apetitoso, com carnes e enchidos de qualidade sobre legumes bem cozinhados, com o arroz húmido à parte. O cabrito assado com batatas, arroz de miúdos e esparregado, a feijoada de javali e o bacalhau com broa são outros dois pratos de domingo, igualmente apetecíveis. O arroz de lampreia, na época, é emblemático, em doses com meia lampreia para duas pessoas e lampreia inteira para quatro (€ 48 e 80, respetivamente).
Merecem especial registo, ainda, o peixe assado no forno (pargo legítimo inteiro ou garoupa), o polvo à lagareiro, os arrozes de gambas e de tamboril, as favas com entrecosto e os nacos do lombo e da vazia (carne maturada com grande suculência e sabor intenso).
Boa doçaria da casa a que se juntam pastéis de feijão que vêm de uma aldeia de Viseu, mas são sempre frescos e excelentes. Garrafeira interessante com a dupla vantagem de terem bons preços e serem servidos a copo. Serviço desembaraçado e simpático.
Zé do Cozido > R. José Acúrcio das Neves, 3 A, Lisboa > T. 21 849 6048 > seg-sex e dom 12h-15h30, 19h-22h > €18 (preço médio)