A ementa não é muito extensa, nem precisa de o ser, porque grande parte dos pedidos recaem nas carnes maturadas, cuja qualidade é assinalável
Lucília Monteiro
Uma casa familiar grande e rústica, de granito, rodeada por jardins e árvores de fruto, na periferia da Covilhã, deu lugar a um projeto moderno e acolhedor com cinco quartos para alojamento, piscina exterior, court de ténis e restaurante. Instalado na parte inferior, onde havia a adega, o restaurante tem uma sala ampla, com paredes de pedra, luz indireta (aquém do desejável para quem gosta de ver bem o que come), grandes mesas de madeira, cadeirões almofadados, decoração sóbria, na qual se integram a nascente de água transformada em aquário de trutas com cobertura de vidro, a garrafeira, a lareira, o forno a lenha, o grelhador e a cozinha, tudo à vista. Ambiente tranquilo, muito agradável.
A ementa não é muito extensa, nem precisa de o ser, porque grande parte dos pedidos recaem nas carnes maturadas, cuja qualidade é assinalável. “Chuletón de buey”, “chuletón de vitela” e “medalhão do solomillo de vitela” são as opções, com a costeleta de vitela a colher as preferências, pela tenrura e intensidade de sabor, embora o lombo tenha uma suculência ímpar, além de ser servido em dose individual, ao contrário das outras.
Ainda nas carnes grelhadas na brasa há que registar, por um lado, o cabritinho, o naco de vitela e a picanha, e, por outro, as peças de porco ibérico: abanicos, secretos e lágrimas (este o nome aqui dado aos lagartos). A guarnição, composta por arroz malandro de feijão, migas de tomate e esparregado de grelos ou, querendo, por batatas marcadas (cozidas e marcadas na grelha com um molho suave de azeite e colorau), também tem qualidade. Feito por encomenda, o leitão ibérico escalado, a lembrar o de Negrais e a aproximar-se do cochinillo de Avila, de tão tenro, é um prato de sucesso garantido. No setor dos peixes, o polvo, a truta e o bacalhau na grelha cumprem o seu papel.
Sem dúvida interessante é o “menu executivo”, de segunda a sexta-feira, ao almoço, com entrada, prato de peixe ou de carne, sobremesa, bebida e café por 9,50 euros, com várias opções, entre as quais se destacam especialidades locais como as feijocas, a chanfana e o feijão no forno a lenha com carnes de porco, que é uma delícia (à sexta-feira). Doçaria comum bem feita. Boa garrafeira. Serviço atento e simpático.
Quinta da Amoreira > R. das Amoreiras, 4, Canhoso, Covilhã > T. 275 084 892/ 919 884 684 > seg-dom 12h30-15h, 19h30-23h > €22 (preço médio)