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Siu mai, massas que não se fecham sobre o recheio, do restaurante Mr. Lin, em Lisboa
José Caria
1. Mr. Lin, Lisboa
Logo pela decoração percebemos que não estamos num qualquer restaurante chinês. Há motivos orientais, claro, mas discretos. Repara-se mais nos individuais pretos, nos pratos brancos, nos pauzinhos reutilizáveis, elegantes, rematados a dourado e no grande aquário logo à entrada. Lá fora, na esplanada, os dim sum são anunciados através de fotografias mais ou menos apetitosas – é a novidade mais recente do Parque das Nações. Rodrigo Lin empresta o seu apelido ao restaurante. Está em Portugal há 30 anos e por isso a conversa quase flui sem problemas. Pelo meio do sotaque chinês consegue-se perceber que as receitas vêm de Cantão (as de dim sum) e da região de Zhe Jiang (a restante ementa), de onde é natural. Prove-se o pão chinês (€4,5), três bolinhas brancas e muito fofas, neste caso recheado de porco e mel (néctar acrescentado para agradar aos europeus). Os siu mai (aquelas massas que não se fecham sobre o recheio) de carne e gambas (€4,5) também chegam em cestos de metal, com base de madeira, a fumegar. É preciso saber parti-los com os pauzinhos, antes de os levar à boca, para evitar queimaduras. Mr. Lin, que tem outro restaurante daqueles com centenas de pratos em Santarém e mais uma loja de roupa, jura que é tudo feito na cozinha do primeiro andar, onde também há uma sala privada. “Dá para guardar o dim sum durante dois dias, desde que bem acondicionado”, explica. R. da Pimenta, 47, Lisboa > T. 21 609 1306 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h
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2. Dim Sum, Oeiras
Yolanda já anda nisto do dim sum há mais de uma dúzia de anos, ainda ninguém por cá sonhava com estas tapas chinesas. Acertou em querer apostar na comida mais típica, mas errou na localização do restaurante. Durante dez anos esteve apenas no Cacém e nunca conseguiu arregimentar muitos fãs. Os seus clientes iam em busca dos crepes chineses, do chop suey ou da galinha com amêndoas, pratos que nunca pousaram numa mesa tradicional chinesa. Agora, está contente, desde que há dois anos abriu este restaurante com 180 lugares, perto do Oeiras Parque. Yolanda, já com alguma fluência no português, garante que tudo o que está na ementa é confecionado na sua cozinha. Para quem ainda não está familiarizado com a oferta, e se perde perante tantos nomes desconhecidos, existem vários menus surpresa (de €11,5 a €25), em que se premeia a variedade em detrimento das quantidades de cada peça. Quem sabe se lhe calham umas malaguetas recheadas (€3,6), umas línguas de pato picantes (€5,5) ou uns bolinhos de nabo (€3,6) na rifa? R. Coro de Santo Amaro de Oeiras, 8D, Oeiras > T. 21 913 5848 > seg-dom 12h-15h, 18h30-23h
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3. Dim Sum Park, Lisboa
Fica em Telheiras, junto a uma alameda sem carros, onde os miúdos aproveitam para andar de skate. A ementa é extensa e contam-se cerca de 50 espécies diferentes de dim sum. O ambiente, muito descontraído, topa-se logo pelas toalhas de papel e a televisão ligada nas notícias. Começa-se por pedir uma sopa de pato à Pequim e outra de camarão com milho, de entre as nove opções (€3,50 e €3,25). E depois opta-se por um prato misto (€6,5), que traz dois har kau com gambas (aqueles que todos os restaurantes da especialidade devem ter, e em bom, claro), dois siu mai de carne e gambas, um pão chinês, um fan kor de carne e amêndoa, um pastel de gambas frito e ainda um crepe. Xinle Zhu abriu este restaurante há um ano e meio, depois de ter trabalhado e aprendido a técnica no Grande Palácio. Não se tem dado mal e já tem clientela fixa, diz. Al. Roentgen, 7E, Lisboa > T. 21 716 14 50 > seg-dom 12h-15h 19h-23h
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4. Dim Sum Light & Fun, Lisboa
Está longe do food court do segundo piso, mas na mesma fileira de restaurantes do andar de baixo, em frente à farmácia. Este balcão de dim sum (12 lugares) existe nas Amoreiras há quatro anos e só tem extensão para a esplanada, que senta 16 pessoas. Apesar de ter o mesmo horário do que o centro comercial, ali a hora de ponta resume-se ao almoço e aos jantares de fim de semana. Os produtos que se vendem são provenientes da Holanda e de Inglaterra, de onde chegam, diariamente, congelados. No Light & Fun cozinham-nos a vapor ou no forno (não há fritos), faz-se o arroz branco e tratam-se dos chás (€3) que hão de acompanhá-los. Enquanto se espera pela sopa wonton (€3,5), dá para ler o que está escrito no papel que serve de toalha e que faz as vezes de uma iniciação para leigos ao mundo do dim sum. Se o tempo nem der para os cinco ou seis minutos que a coisa demora a preparar, há vários pratos que já estão prontos, nas cestinhas, em cima de um banho- -maria que os mantém quentes. Também tem serviço take away. Amoreiras Shopping Center > Av. Eng. Duarte Pacheco, Lisboa > T. 21 240 2235 > seg-dom 11h-23h
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5. Estoril Mandarim, Estoril
Se não tivesse mais nada por onde puxar, este restaurante poderia sempre pôr o dedo no ar para dizer que foi o primeiro a apresentar o dim sum aos portugueses que nunca puseram um pé nas zonas da China onde eles são costume. Só que, além disso, é também dos mais elegantes, dos mais genuínos e, consequentemente, dos mais caros. Aberto desde 1998, sempre com o mesmo chefe, hoje apresenta uma carta de 24 pratos de dim sum (doces incluídos), só disponível ao almoço. Assim que os clientes entram neste restaurante, que faz parte do edifício do casino, com vista para os seus enormes jardins, é-lhes entregue um papelinho branco, em triplicado (um para a cozinha, um para o empregado e outro para a mesa), numerado de 1 a 24 para que o pessoal que não fala português se entenda com os pedidos. As massas são todas feitas de véspera, artesanalmente, e guardadas com imenso cuidado para manterem a sua estrutura. No Mandarim, as receitas são sofisticadas, mas ainda assim também vêm para a mesa em grupinhos de três ou quatro para serem partilhadas. Por exemplo, os rolinhos de massa translúcida recheiam-se de gambas e espargos (€5,50), o ha kau leva fungos brancos (€5) e o remate do siu mai é feito de ovas de caranguejo (€5). Até a canja de almôndegas de choco, vieiras e algas (€6) dá para mais do que uma pessoa. Não deixe de prová-la. Casino Estoril > Av. Dr. Stanley Ho, Estoril > T. 21 466 7270 > qua-dom 12h-15h
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6. Macau Dim Sum, Oeiras e Lisboa
O primeiro destes restaurantes (que antes se chamava Yam Cha Garden) instalou-se, quase escondido, numa praceta residencial em Oeiras. Rapidamente os macaenses descobriram que ali podiam comer dim sum de qualidade, a um preço aceitável. Não é, por isso, raro que as mesas redondas da sala da entrada estejam ocupadas por grupos de pessoas que antes viviam na ex-colónia portuguesa. Haverá melhor cartão de visita? Se os chineses escolhem este sítio para uma refeição é porque se trata de comida, no mínimo, genuína.
O êxito tem sido tal que, há dois anos, abriram uma sucursal em Lisboa, perto das Amoreiras. Em Oeiras ficou o irmão Hong Chen; em Lisboa, a irmã Hui. De resto, tudo igual, garantem-nos, com recurso ao amigo Domingos, que desta vez serve de tradutor. O menu apresenta oito páginas de variedades de dim sum, como uns deliciosos ravioli de tubarão (quatro por €3,75) ou uns não menos apetitosos rolos de farinha de arroz com gambas (três por €3,75). Mas também há um prato de medusa (sim, leu bem) com molho tailandês (€5,50), iguaria muito apreciada pelos entendidos. À hora de almoço, em Lisboa e Oeiras, pode optar-se por um menu só disponível nos dias de semana. Por €7,95, come-se sopa e um prato misto, que serve de boa amostra ao que ali se confeciona. No final da refeição, há de chegar à mesa um miminho em forma de fruta da época, perfeito para deixar um travo fresco na boca. E, à saída, há rebuçados para “roubar”. Av. D. Pedro V, 31C, Lisboa > T. 21 135 0006 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h > Pcta. de Maputo, 6A, Oeiras > T. 21 441 5481 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h
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Lucília Monteiro
7. Restaurante Chinês, Porto
Há gerações que aqui entram todos os dias. Filhos que vieram com os pais, avós que agora trazem os netos. Nascido em 1966, o “Chinês da Ponte”, como é conhecido por se encontrar à entrada do tabuleiro superior da Ponte Luís I, no Porto, foi o primeiro restaurante de comida chinesa do País. E ainda se mantém na família Chow. Feng Ying, 57 anos, uma das herdeiras, a viver cá há mais de 30 anos (mas ainda mais à-vontade com o mandarim do que com o português), coordena o restaurante onde sobeja a decoração oriental e não falta uma coleção de pratos e leões em loiça chinesa. Apesar de, nesta enorme sala com 120 lugares, serem os pratos clássicos os que mais saem – caso do pato à Pequim –, há duas sugestões de dim sum para provar: os de camarão, cozinhados ao vapor e servidos numa bonita taça de bambu (€5,50) e os dumplings, recheados com carne de porco temperada, legumes picados, alho-francês, cogumelos chineses e servidos com molho de soja (€8). É o marido de Feng Ying, Liu Bo Chao, quem faz os dim sum à mão e, precisamente pelo tempo que demora a sua preparação, não se espera que a lista aumente. “Dão muito trabalho”, admite. É que por aqui a aposta na qualidade e no rigor continua a ser o lema. F.A. Av. Vímara Peres, 38, Porto > T. 22 200 8915 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h
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Lucília Monteiro
8. Grande Palácio Hong Kong, Lisboa e Porto
Dim sum quer dizer “tocar o coração” – lê-se no site do Grande Palácio Hong Kong, que, há dez anos, abriu em Lisboa e, em 2012, no Porto. E se há restaurante chinês com uma grande variedade destes “bolinhos, pãezinhos e pasteizinhos recheados que podem ser fritos ou cozidos no vapor”, como se continua a ler, é este. Na lista contamos mais de 40 dim sum de aspetos distintos, mas que, em comum, parecem ter a delicadeza de pequenas obras de arte. Provámos dois dos que mais saem: os raviolis de gambas (€3,95), feitos com farinha de milho e cozidos ao vapor numa taça de inox que vem para a mesa, e os crepes vietnamitas (€3,70), que acompanham com molho agridoce ou de soja e são mais usuais nos restaurantes de comida cantonesa. Mas a lista e os recheios de dim sum (a partir €3,45) são “intermináveis”. Uns levam barbatana de tubarão, outros tripa e pulmão de vaca, feijão-preto picante, carne de porco e mel servidos em pão chinês, carne e amendoins… A sala tem uma decoração simples em tons de vermelho e conta Lin, 28 anos, que veio de Xangai para o Porto há 13, recebe muitos clientes “que pedem sempre dim sum às refeições para partilhar”. Será por serem tão delicados que nos “tocam o coração”? F.A. R. Pascoal de Melo, 8 A, Lisboa > T. 21 812 3349 > seg-dom 12h-01h > R. Bernardo Lima, 48 B, Lisboa > T. 21 314 0726 > seg-dom 12h-01h > R. Gonçalo Cristóvão, 252, Porto > T. 22 208 2071 > seg-dom 12h-15h, 18h-00h30
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9. Dinastia Tang, Lisboa
Entra-se, ainda de manhã, neste antigo armazém de vinhos, em Marvila, e parece que se viaja até à China – a decoração é a principal responsável por isso (há 120 lugares bem arrumados em 315 metros quadrados). Apesar de Marisa Cerqueira, a dona, ser portuguesa, fala um perfeito (imaginamos nós) mandarim, à custa de ter estudado em Xangai e se ter apaixonado por um fotógrafo de lá, também ele à frente do Dinastia Tang. Há dois anos e meio, o casal assentou na zona oriental de Lisboa para oferecer comida tradicional chinesa e vender algumas peças que estão expostas no restaurante. Nessa oferta culinária, inclui-se uma dúzia de opções de dim sum, doces ou salgados. O que sai mais, diz Marisa, é a massa translúcida, com gambas e bambu (€4,5, por quatro unidades). Mas também há siu mai de carne e gambas (€4,20) ou arroz com galinha em folha de lódão (€3,95). Embora o molho de soja esteja na mesa, desaconselha-se o seu uso, porque estraga a essência e descaracteriza o sabor. “Na China não o usam com dim sum”, garante Marisa. R. do Açúcar, 107, Lisboa > T. 21 868 04 67 > seg-dom 12h-15h 19h-23h
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