Após dois anos de encerramento e de incertezas, A Chalandra mudou de mãos e reabriu em fevereiro passado, sob a liderança de João Pina, que veio do Xarroco, de onde trouxe o assador e o chefe de sala, completando a equipa com duas cozinheiras da sua confiança. O restaurante, que é um dos clássicos de Matosinhos, permanece na mesma casinha rústica com paredes de pedra e decoração sóbria alusiva ao mar – alguns quadros, âncoras, etc.- , mas está de cara lavada, com outra luz, melhor disposição das mesas e ambiente mais acolhedor. Na sala única (em fins de junho abrirá outra para fumadores, ao fundo) destacam-se as montras de peixes e de mariscos, bem como a pequena garrafeira embutida na parede, a chamar a atenção para os vinhos.
A ementa é dominada pelo pescado: peixes na grelha, no forno ou no sal e mistos de mariscos, estes de composição variável, ao gosto do cliente. Para entrada há petiscos muito agradáveis, como as amêijoas à Bulhão Pato, a sapateira gratinada, as petingas fritas (com farinha de milho amarelo que, aliada à boa fritura, as torna estaladiças), mas que não fazem esquecer a sopa de peixe (só peixe, em regra garoupa, robalo e dourada, desfiado e envolvido numa numa base bem urdida). A seguir, é quase inevitável o peixe, em especial o rodovalho, que vai à grelha e chega à mesa com a carne consistente e suculenta, a que o azeite e alho dão o toque final de sedução. Robalo, dourada, linguado também fazem parte do lote de peixes do mar grelhados mais pedidos, a par de outros mais económicos, como o salmão e, a partir desta semana, a boa sardinha (sempre servida sobre broa de milho). O acompanhamento dos grelhados é à escolha e qual deles o melhor: açorda de ovas (de peixe-galo), arroz de grelos e batatas a murro e legumes cozidos. Há outras preparações a ter em conta como o goraz assado no forno com batatinhas e guarnecido com grelos salteados, que é muito bom; o robalo no sal, que revela a excelência da sua carne da forma mais pura; a massada de peixe e o arroz de marisco, um e outro caracterizados pela variedade das espécies que neles entram e pela riqueza de sabores; o arroz de lavagante, tão guloso. O que sobressai é sempre a qualidade da matéria-prima, a que a culinária dá realce. Quem for avesso ao pescado pode contentar-se com o bife do lombo grelhado, o bife em massa folhada ou os miminhos de boi “à chefe”. Doçaria tradicional, destacando-se o leite-creme queimado ao momento, como deve ser. Garrafeira interessante, sem ser grande. Serviço eficiente e simpático.
A Chalandra > Av. Serpa Pinto, 322, Matosinhos > T. 229 382 060 e 936 344 044 > seg-dom 12h-23h > €25 (preço médio)