Dulce Franco Matos tem dossiers cheios de andorinhas que voam sem medo perto de gatos manhosos, máquinas de costura antigas, bacalhaus secos, carripanas pintarola e mais uma série de “bonecada”. A expressão não é pejorativa. Quem já transpôs a porta do número 40 da Rua da Vitória sabe que é assim que a neta do fundador da loja Franco Gravador chama às gravuras prontas a serem replicadas em pequenos carimbos de trazer por casa.
Cento e três anos depois de Joaquim Cândido Franco ter aberto o seu negócio, inicialmente na Rua da Prata, cabe a esta doce, dulcíssima senhora zelar para que toda a “bicharada esquisita” e objetos doutros tempos continuem a alegrar–nos os dias. Servem eles maravilhosamente para marcar um caderno ou livro, ou ainda fazer um belo embrulho de presente de um banal papel branco. E, com uma frase a acompanhar, dão uns ex-líbris como já não há.
Foram vários os Natais em que lhe pedi ajuda para personalizar carimbos. Lembro-me de que comecei por oferecer uma flor à Margarida, um carrão ao Piranha e uma máquina de costura à Rita. Tantos anos depois, sei de cor que no Franco Gravador também se fazem placas com dizeres, mas são os carimbos que me fazem voltar sempre. À coca das andorinhas, confesso.