Sérgio Oliveira, 41 anos, já vestia a Conga por dentro. Quis ser jornalista, mas a tradição familiar puxou-lhe a mão e a boca para a chicha. Anda entre tachos e finos desde pequeno, por isso é tão rápido a gerir burocracias pelo telemóvel como a desenvencilhar-se atrás do balcão.
Encerrada para obras durante um ano e amparada apenas pela Conga-2, ali ao lado, a velha Conga regressa ao “conbíbio” dos fregueses e ao estatuto de rainha das bifanas.
A casa cresceu dois pisos e o chef brasileiro Osmar é garantia de novas ementas, do folhado de bifana às variedades de polvo. “Mas atenção”, adverte Sérgio, “isto é gourmet, mas à moda da Conga: com tipicidade, berros e tudo o que faz deste sítio um espaço familiar, sem distinção de estratos sociais”.
Ele é o herdeiro da casa, a primeira a impor a bifana na cidade, em 1976. Os pais, vindos de Angola, inventaram o pitéu, “que não se compara ao pão com febra lisboeta”. O segredo está no molho “e no bom-gosto dos clientes”.
Há dúvidas? As portas abrem às 9 da manhã e logo começa o “desfile”. Entretanto, Sérgio foi ao baú recolher memórias. Há agora vitrinas com telefones antigos, a primeira fiambreira e pratos que contam 37 anos de vida gravados com emblemas da bola, tudo tesouros resgatados ao pai.
O restyling do ícone original, um dançarino de congas na mão, tem também dedo dele. O resto explica-se assim: “Acredito na Baixa. Só quem viveu o deserto que isto era, sabe dar valor ao que temos hoje.” E já se comia qualquer coisa.
OLHA O LUXO!
Os clientes de sempre não vão faltar. Mas há cada vez mais malta nova, garante Sérgio. A nova Conga, porém, quer chegar ao filet-mignon, sem perder a traça. “Já começo a ter clientes que estão hospedados no Hotel Intercontinental. Era um dos objetivos”, admite o proprietário, referindo-se ao hotel de luxo situado no antigo Palácio das Cardosas. Bifana cinco estrelas?
CONGA -CASA DAS BIFANAS Rua do Bonjardim, 314-318, Porto T. 22 200 0113 Seg, Ter 9h-21h, Qua-Sáb 9h-02h Bifana tradicional: ¤1,95