O excesso de sal é um dos pecados dos portugueses à mesa. Apesar das campanhas para diminuir a quantidade de sal no pão, por exemplo, continuamos a estar acima da média no que ao consumo de sal diz respeito, aponta João Sargento Freitas, neurologista Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e nosso convidado neste episódio das CONVERSAS SAÚDE.
O médico refere que o sal prejudica a saúde cardiovascular e aumenta o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal.
No entanto, alerta, não precisa de ir a correr fazer uma lista de alimentos que pode ou não comer para ter um cérebro saudável. A recomendação direta e eficaz é que devemos ter uma dieta equilibrada no sentido lato da palavra: alimentação diversificada e sem muito sal, não exagerar no consumo hidratos de carbono, gorduras e carnes vermelhas.
Outro dos mandamentos é dormir bem. O sono de qualidade é fundamental para ter um cérebro saudável.
Sabemos que, quando temos uma noite mal dormida, no dia seguinte não estamos com a nossa “capacidade cerebral normal”, lembra João Sargento. O sono atua de forma direta, logo, no dia a seguir a uma noite mal, dormida sentimos as consequências.
Socializar, estar com familiares e amigos, também estimula a mente, já que ativamos várias áreas do cérebro que nos obrigam a raciocinar.
Imagine o cérebro como um músculo. Quando partimos um braço e pomos gesso, os músculos dessa zona vão atrofiar porque estão parados, não são estimulados. No cérebro acontece o mesmo, se “não damos trabalho às diferentes áreas do cérebro, este também vai perdendo funções”, observa o neurologista.
Estar com os outros é exercitar múltiplas áreas do cérebro. Se não, veja: temos de interpretar expressões e emoções, temos de ouvir e pensar nas respostas que vamos dar. O neurologista lembra ainda que socializar é “sair de casa”. Um casal que viva junto há vários anos quase que adivinha o pensamento um do outro, “não que isso não seja bom”, diz, mas para estimular a mente é preciso falar com outros.
Já o exercício físico tem um efeito multidimensional na saúde cerebral, desde logo previne o AVC, controla a tensão arterial e melhora o controlo do açúcar. Tudo isto, direta ou indiretamente, melhora “a saúde vascular cerebral”, lembra João Sargento. Durante o exercício físico, acrescenta, libertamos “serotonina”, o neurotransmissor associado à sensação de bem estar e que regula o apetite.
A receita para ter um cérebro saudável tem várias equações que funcionam como um todo, de forma “holística”, assim, é preciso que pratique todas.
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