Nem tudo o que lê por aí sobre alimentação é verdade. Aliás, as fake news são mato na área de atuação de Isabel do Carmo, médica endocrinologista, especialista no combate à obesidade. Depois de falarmos do número de adultos obesos, que duplicou numa década, passamos por alguns dos pontos críticos da desinformação, que se transveste com uma linguagem pseudocientífica. É que não basta alegar que os hidratos de carbono nos fazem mal, há que distinguir os do açucareiro dos outros, por exemplo.
Nesse sentido, a médica faz um apelo: “Peço que as pessoas tenham pensamento crítico. Leiam, vejam quais são as fontes e não se fiem em publicações ad hoc.” Foi o que fez no seu mais recente livro, Alimentação, Mitos e Factos, em que quis alertar contra as falsas verdades, dando sempre a perspetiva científica.
Como exemplo deste tipo de não verdades, veio à baila a questão dos sumos detox e da suposta necessidade de fazermos desintoxicações ao corpo. “Não andamos todos intoxicados, felizmente”, desdramatiza a médica, que tem receio dos produtos que se vendem com esse alegado fim. “Se forem feitos em casa, com base em vegetais e fruta, até podem fazer bem, porque se trata de bons alimentos. Agora os das lojas, ninguém sabe o que lhes adicionam.”
O mesmo se passa com os suplementos alimentares, ditos naturais, que não são medicamentos, dispensam o crivo do Infarmed, e por isso podem ser adicionados com estimulantes ou hormonas tiroideias. “Há o risco de fazerem mal à saúde, uma ilusão e um comércio.” A evitar, portanto.
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