A vitamina D tem como principal função manter os níveis de cálcio e fósforo no sangue regulares. Essencial ao crescimento e fortalecimento ósseo, existem dois tipos desta vitamina, a D2 – de origem vegetal – e a D3 – de origem animal – produzida sobretudo através da exposição solar.
Como é produzida?
Existem três formas de introduzir vitamina D no organismo. Primeiro, através do consumo de diversos alimentos como peixes gordos (incluindo o salmão, a cavala ou o atum), gemas de ovos e cogumelos ou através do leite e cereais, fortificados com esta vitamina. Contudo, é através da exposição solar que o organismo mais recebe vitamina D, ao ser sintetizada pela pele no contacto com a radiação UVB. “Cada um de nós tem células recetoras de vitamina D que, através de uma cadeia de reações que começa com a conversão do colesterol na pele, produzem vitamina D3 quando são expostas aos raios ultravioleta B (UVB) do sol”, explica David J. Leffell, chefe de Cirurgia Dermatológica da Yale Medicine.
O SNS recomenda a exposição solar durante 10 a 15 minutos por dia, de forma a garantir os níveis de vitamina D de que o corpo necessita. No entanto, fatores como a latitude, pigmentação da pele, horas de exposição e as proteções contra os raios ultravioleta, por exemplo, dificultam muitas vezes a produção da vitamina só pela via solar.
Outra forma de introduzir esta vitamina no organismo são ainda os suplementos vitamínicos, quer sejam em forma de comprimidos ou líquidos. Estes são, geralmente, são recomendados a pessoas com problemas de absorção de gorduras, com intolerância à lactose, pessoas com tons de pele mais escuros e com determinadas condições médicas que as obrigam a uma menor exposição solar diária.
Qual é o papel desta vitamina para o organismo?
Depois de absorvida – através da pele ou da alimentação – a vitamina D é armazenada nas células adiposas do organismo, onde permanece inativa até ser necessária. Para além de desempenhar um papel essencial nos processos de a mineralização dos ossos, a vitamina está associada à maior absorção de cálcio e fósforo no sistema digestivo, à manutenção do sistema imunológico e ao desenvolvimento dos ossos e dos dentes – sendo especialmente importante em crianças e idosos.
Esta ajuda ainda a proteger o corpo de diversas doenças infecciosas e autoimunes bem como patologias cardiovasculares e oncológicas.
Quais são as consequências da sua falta para o organismo?
O défice de vitamina D pode levar ao desenvolvimento de doenças como raquitismo – baixa estatura, ossos arqueados ou caroços nas costelas -, especialmente em crianças, e em patologias como osteomalacia – ossos fracos e quebradiços, falta de força, dor muscular e tendência para a depressão – em adultos. Para além disso, a falta desta vitamina contribui fortemente para o desenvolvimento de osteoporose. “Não ingerir vitamina D suficiente pode ter consequências graves, incluindo o aumento das taxas de perda óssea ou mesmo de osteomalacia nos adultos e raquitismo (uma doença óssea deformante) nas crianças”, explicou Karl Insogna, endocrinologista no Yale Medicine’s Bone Center.
O défice de produção de vitamina D no organismo está muito associado a fatores como a falta de exposição solar – seja pelo curto período de tempo de exposição ou pelas proteções contra os raios UV -, a pigmentação da pele (dado que peles mais escuras, produzem menos vitamina), pouca ingestão de alimentos ricos na vitamina, localização geográfica e doenças que impedem a absorção adequada de vitamina D.
Que sintomas são indicadores do défice de vitamina D?
É difícil de diagnosticar a falta de vitamina D no organismo, uma vez que não existe um conjunto específicos de sintomas. Deste modo, muitas pessoas podem ter um défice de vitamina sem nunca o terem percebido. Sinais como a dor e fraqueza dos músculos e o cansaço e fadiga costumam ser indicativos da falta desta vitamina.
Estima-se que exista um número significativo de pessoas com falta desta vitamina no organismo, especialmente crianças e idosos, em todo o mundo. De acordo com um estudo conduzido em 2020, que analisou os níveis de vitamina D na população portuguesa, cerca de dois em cada três portugueses tinham défice desta vitamina. O SNS recomenda a suplementação com vitamina D em crianças até aos 12 anos e a pessoas com fatores de risco como doenças crónicas, idosos, grávidas e pessoas que tomem medicação que diminui a absorção de vitamina.
Quanto mais vitamina melhor?
Apesar de possuir diversos benefícios para o organismo, o excesso de vitamina D – tal como tudo – pode levar a consequência de saúde graves. Por exemplo, porque é armazenada na gordura do corpo, o excesso de vitamina D – em pessoas com menor gordura corporal – pode levar a demasiado absorção de cálcio. Ou seja, se a vitamina tem como principal objetivo manter os níveis de cálcio no corpo “normais”, a falta desta vitamina leva a que organismo procure este mineral noutras partes do corpo, como os ossos, levando ao seu enfraquecimento.
Não se sabe ao certo qual o nível máximo de vitamina D no organismo antes de se tornar prejudicial.